O colecionador
Armando Martins nasce em 1949, no concelho de Penamacor, e passa a sua infância longe dos circuitos das artes.
Aos 14 anos vem estudar para Lisboa. Na adolescência realiza a sua primeira visita a um museu de arte, o Museu de Arte Antiga, experiência que não o seduz, pois seria a arte contemporânea o seu caminho e paixão.
A sensibilidade e interesse pelo mundo da arte só começam a anunciar-se mais tarde, de forma tímida e à parte do caminho que vem a traçar a nível profissional.
O desejo de voar mais alto
Na dimensão educativa, idealiza desafiar a gravidade por via da Engenharia Aeronáutica, curso que na época não existia em Portugal. Chega a inscrever-se na Universidade de Liége, na Bélgica, mas, por razões financeiras, tem de ficar pelo nosso país. A realidade projeta-o para a terra e é nela que realiza os seus voos, atento ao mundo à sua volta.
Licencia-se em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, em 1973, ano em que inicia a sua atividade profissional.
No final da década de 70 parte para o Brasil, regressando a Lisboa em meados dos anos 80. Enceta desde então um percurso de sucesso no meio imobiliário, com a criação de várias empresas.
Nos anos 90, constitui o Grupo Fibeira SGPS,S.A., com atividades na promoção imobiliária, hotelaria e serviços, do qual é hoje o Presidente honorário.
Foi o promotor do edifício Atrium Saldanha, em Lisboa, projeto com a assinatura do arquiteto catalão Ricardo Bofill, galardoado, entre outras distinções, com o Prémio Valmor de Arquitetura em 2001.
É também proprietário do Palácio do Correio-Mor, em Loures, e do Palácio Condes da Ribeira Grande, na Junqueira, Lisboa, onde instala o projecto MACAM.
O interesse pela Arte
O interesse pelo colecionismo e pelas artes visuais começa aos 18 anos, com a aquisição de serigrafias em parceria com um amigo.
Por ocasião do seu 25º aniversário, decide oferecer a si próprio a primeira obra de arte original.
Essa experiência é o primeiro momento de um percurso sem retorno, dando início ao que viria a ser a Coleção Armando Martins. A partir de então, a sua actividade como colecionador vai-se intensificando.
Dotado de um espírito inquieto e empreendedor, Armando Martins continua a alimentar a sua capacidade de sonhar e de desenvolver projetos que, por vezes, o conduzem para fora da sua zona de conforto. O gosto pela arte é disso exemplo.
A Coleção e o Museu
Armando Martins não só se decide a criar uma das melhores coleções de arte a nível nacional como, paralelamente, vai alimentando o desejo de fundar um museu para partilhar a sua coleção.
Em 2007, concretiza a aquisição a título privado do Palácio dos Condes da Ribeira Grande, um edifício histórico do século XVIII. Avança com o projeto de reabilitação para criação do Museu, decidindo incluir um Hotel de 5* como motor de financiamento e de sustentação da autonomia do projecto.
Em 2018, é distinguido com o Prémio "A" de Coleção pela Fundación Arco, instituição dedicada à promoção, investigação e divulgação da arte contemporânea.
Três anos depois, é-lhe atribuído o Prémio de Colecionador da Associação Portuguesa de Museologia, pelo seu projeto de criação de um museu privado para tornar pública a sua coleção.
O que outrora era apenas sonho, hoje torna-se realidade. A coleção Armando Martins perfaz 50 anos de história e o Museu MACAM terá as suas portas abertas ao público a 22 de Março de 2025.