O colecionador

©Frederico van Zeller

Armando Martins nasce em 1949, no concelho de Penamacor, e passa a sua infância longe dos circuitos das artes.

Aos 14 anos vem estudar para Lisboa. Na adolescência realiza a sua primeira visita a um museu de arte, o Museu de Arte Antiga, experiência que não o seduz, pois seria a arte contemporânea o seu caminho e paixão.

A sensibilidade e o interesse pelo mundo da arte só começam a anunciar-se mais tarde, de forma crescente e em paralelo com o caminho que vem a traçar a nível profissional.

O colecionador que sonhou um museu

Licencia-se em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, em 1973, ano em que inicia a sua atividade profissional.

No final da década de 70 parte para o Brasil, regressando a Lisboa em meados dos anos 80. Enceta desde então um percurso de sucesso no sector da promoção imobiliária, com a criação de várias empresas.

Nos anos 90, constitui o Grupo Fibeira SGPS,S.A., com atividades na promoção imobiliária, hotelaria e serviços, do qual é hoje o Presidente honorário. 

Foi o promotor do edifício Atrium Saldanha, em Lisboa, projeto com a assinatura do arquiteto catalão Ricardo Bofill, galardoado, entre outras distinções, com o Prémio Valmor de Arquitetura em 2001.

É também proprietário do Palácio do Correio-Mor, em Loures, e do Palácio Condes da Ribeira Grande, na Junqueira, Lisboa, onde instala o projecto MACAM.

Sem título, Rogério Ribeiro © DR

O interesse pela Arte

O interesse pelo colecionismo e pelas artes visuais começa aos 18 anos, com a aquisição de serigrafias em parceria com um amigo. 

Por ocasião do seu 25º aniversário, decide oferecer a si próprio a primeira obra de arte original.

Essa experiência é o primeiro momento de um percurso sem retorno, dando início ao que viria a ser a Coleção Armando Martins. A partir de então, a sua actividade como colecionador vai-se intensificando.

Dotado de um espírito inquieto e empreendedor, Armando Martins continua a alimentar a sua capacidade de sonhar e de desenvolver projetos que, por vezes, o conduzem para fora da sua zona de conforto. O gosto pela arte é disso exemplo.

Gilberto Zorio, Torcia [Tocha], 1967

A Coleção e o Museu

Armando Martins não só se decide a criar uma das melhores coleções de arte a nível nacional como, paralelamente, vai alimentando o desejo de fundar um museu para partilhar a sua coleção.

Em 2007, concretiza a aquisição a título privado do Palácio dos Condes da Ribeira Grande, um edifício histórico do século XVIII. Avança com o projeto de reabilitação para criação do Museu, decidindo incluir um Hotel de 5* como motor de financiamento e de sustentação da autonomia do projecto.

Em 2018, é distinguido com o Prémio "A" para o colecionismo pela Fundación Arco, instituição dedicada à promoção, investigação e divulgação da arte contemporânea.

Três anos depois, é-lhe atribuído o Prémio de Colecionador da Associação Portuguesa de Museologia, pelo seu projeto de criação de um museu privado para tornar pública a sua coleção.

O que outrora era apenas sonho, hoje torna-se realidade. O empreendimento está concretizado, a coleção Armando Martins perfez 50 anos de história e o Museu MACAM abre portas ao público em 22 de Março de 2025.

Eduardo Viana, A Mulher da Laranja, c. 1913 ©MACAM

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