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O espaço

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História e arquitectura

O Museu MACAM e o MACAM Hotel ocupam atualmente o espaço anteriormente conhecido como Palácio dos Condes de Vila Franca — mais tarde Condes da Ribeira Grande.

O Palácio é um dos 265 palácios de Lisboa destacados pelo Património arquitectónico. Esta área é caracterizada pelas suas casas nobres com vista para o rio Tejo.

Desde a sua construção no início do século XVIII, o edifício passou por muitas transformações e usos diferentes, refletidos na sua arquitetura.

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Do terramoto ao Nobel da Literatura

O edifício foi mandado construir em 1701 pelo Marquês de Nisa, Francisco Baltazar da Câmara. Em 1752, foi adquirido por José da Câmara Telles, Conde da Ribeira Grande, cujo nome adotou.

O palácio sobreviveu ao terrível terramoto de 1755. No frontão, ainda podem ser vistos vestígios dos antigos proprietários, com a divisa: "Pela Fé, pelo Príncipe, pela Pátria".

Uma curiosidade histórica é que neste edifício nasceu João Zarco da Câmara, o primeiro português nomeado para o Nobel da Literatura em 1901. 

A biblioteca do MACAM Hotel foi batizada em seu nome.

Uso e transformações ao longo do tempo

A partir do final do século XIX, os proprietários passaram a residir no corpo do edifício que faz esquina com a Travessa do Conde da Ribeira. 

Alugaram grande parte do edifício principal a escolas privadas como os colégios Arriaga e Portugal, tendo mais tarde funcionado como escola pública: albergou o Liceu D. João de Castro e entre 1960 e 2002 (data em que encerrou ao público), o Liceu Rainha Dona Amélia.

Alterações e conservação

Ao longo dos anos, especialmente com as reformas escolares, o edifício sofreu muitas alterações, preservando pouco do interior original. Contudo, destacam-se:

  • Fachada sul: ladeada por dois grandes terraços
  • Fachada norte posterior
  • Escadaria monumental nobre
  • Tetos de abóbada de aresta
  • Arcaria das antigas cocheiras e cavalariças
  • Antiga capela
  • Volume da biblioteca
  • Fonte do jardim traseiro
  • Antigo poço

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Arquitetura e estrutura

O edifício possui uma extensa fachada de 110 metros de comprimento, a qual sofreu várias alterações ao longo de mais de 300 anos. Na fachada sul, é possível distinguir três corpos diferentes: 

  • Edifício Principal do Palácio: Desenvolve-se em três pisos, com uma entrada central que divide, de forma algo simétrica, a ala direita e a ala esquerda. Uma escadaria monumental conecta o piso térreo ao primeiro andar. 
  • Antiga Capela de Nossa Senhora do Carmo: Localizada entre o edifício principal e o bloco no extremo da ala esquerda.
  • Edifício Adjacente de Apartamentos.

Restauro, reabilitação e novas construções

O intenso trabalho de restauro possibilitou recuperar as pinturas originais na zona da antiga capela, removendo a sujidade acumulada, e recuperar as pinturas da escadaria central que estavam ocultas debaixo de pinturas mais recentes.

Foram restaurados elementos de cantaria exterior e interior, varandins e balaustradas em ferro, bem como a estrutura original de madeira da cobertura da Biblioteca e portadas das salas.

A nova construção apresenta fachadas brancas com linhas retas, com painéis de ensombramento diagonal nas varandas dos quartos e revestimento cerâmico vidrado branco na ala do Museu — obra da artista e ceramista Maria Ana Vasco Costa.

A conexão entre o Palácio e a nova ala é feita por um túnel que leva ao estacionamento do MACAM, ou por uma área exterior com uma grande escadaria que liga ao jardim. Um espelho de água ao longo do corpo do Museu reflete a cerâmica e refresca o jardim.

Tanto as obras de reabilitação quanto a nova ala foram projetadas pelo atelier de arquitetura MetroUrbe, que enfrentou os desafios típicos da restauração de um edifício antigo — como o reforço das paredes de tabique com estruturas metálicas devido ao risco sísmico de Lisboa.

A intenção desta intervenção foi manter, recuperar ou reconverter o traço do que a história nos deixou.

O projeto engloba: 

  • Cerca de 2000 m2 de área expositiva
  • 64 quartos de Hotel
  • Espaço polivalente, que ocupa a antiga capela, pensado para as artes performativas e música que se chamará àCapela
  • Pequeno auditório para reuniões, eventos e workshops
  • Loja
  • Cafetaria
  • Restaurante: que se chamará Contemporâneo

O projeto de interiores foi realizado pela dupla Andrez&Andrez, enquanto o projeto de Lightdesign ficou a cargo da Lightware.

Exemplos de reutilização

Um exemplo notável de reutilização é o pavimento atual da antiga capela, feito de madeira original do edifício que não podia ser mantida como estrutura. Esta madeira foi cortada, tratada, redimensionada e convertida em pavimento.

Reabilitação recente

Adquirido pelo atual proprietário em 2006, as obras de reabilitação e expansão do edifício começaram no final de 2018.

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