Abre a 22 Março 2025
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O espaço

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História e arquitetura

O Museu MACAM e o MACAM Hotel ocupam atualmente o espaço historicamente conhecido como Palácio dos Condes de Vila Franca — mais tarde Condes da Ribeira Grande. 

O Palácio é um dos 265 palácios de Lisboa destacados pelo Património arquitectónico, situado numa zona de casas nobres que corre paralela ao rio Tejo.

Desde a sua construção no início do século XVIII, o edifício passou por muitas transformações e usos diferentes, refletidos na sua arquitetura.

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Do terramoto ao Nobel da Literatura

O edifício foi mandado construir em 1701 pelo Marquês de Nisa, Francisco Baltazar da Câmara. Em 1752, foi adquirido por José da Câmara Telles, Conde da Ribeira Grande, cujo nome adotou.

O palácio sobreviveu ao terrível terramoto de 1755. No frontão, ainda podem ser vistos vestígios dos antigos proprietários, com a divisa: "Pela Fé, pelo Príncipe, pela Pátria".

Uma curiosidade histórica é que neste edifício nasceu João Zarco da Câmara, o primeiro português nomeado para o Nobel da Literatura em 1901. A biblioteca do MACAM Hotel foi batizada em seu nome.

Uso e transformações ao longo do tempo

No final do séc. XIX , os proprietários do Palácio passam a arrendar o corpo do edifício que faz esquina com a Travessa do Conde da Ribeira a instituições de ensino particulares, primeiramente o Colégio Arriaga e em 1936 o Colégio Novo de Portugal. 

A partir de 1939, a família passa a viver nesse corpo mais pequeno do edifício e arrendam a área do edifício principal ao Estado para instituições de ensino público: de 1939 a 1947 albergou o Liceu D. João de Castro, entre 1947 e 1960 o Liceu Rainha D. Leonor e, por fim, de 1960 a 2002 (data em que encerrou ao público), o Liceu Rainha Dona Amélia.

Alterações e conservação

Ao longo dos anos, especialmente com as reformas escolares, o edifício sofreu muitas alterações, preservando pouco do interior original. Contudo, destacam-se:

  • Fachada sul: ladeada por dois grandes terraços
  • Fachada norte posterior
  • Escadaria monumental nobre
  • Tetos de abóbada de aresta
  • Arcaria das antigas cocheiras e cavalariças
  • Antiga capela
  • Volume da biblioteca
  • Fonte do jardim traseiro
  • Antigo poço

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Arquitetura e estrutura

O edifício possui uma extensa fachada de 110 metros de comprimento, a qual sofreu várias alterações ao longo de mais de 300 anos.

Na fachada sul, é possível distinguir três corpos diferentes. O edifício principal do Palácio, que se desenvolve em três pisos, e onde se encontra a entrada central, dividindo-se de forma sensivelmente simétrica em ala direita e ala esquerda, tendo, nesta última, uma escadaria monumental na ligação entre o piso térreo e o primeiro piso, e, no extremo da ala esquerda, a antiga capela da Nossa Senhora do Carmo e o edifício adjacente de apartamentos.

Restauro, reabilitação e novas construções

Adquirido pelo atual proprietário em 2006, as obras de reabilitação e expansão do edifício começaram no final de 2018.

O intenso trabalho de restauro possibilitou recuperar as pinturas originais na zona da antiga capela, removendo a sujidade acumulada, e recuperar as pinturas da escadaria central que estavam ocultas debaixo de pinturas mais recentes. Foram restaurados elementos de cantaria exterior e interior, varandins e balaustradas em ferro, bem como a estrutura original de madeira da cobertura da Biblioteca e portadas das salas.

A nova construção apresenta fachadas brancas com linhas retas, na ala nova do hotel conta com painéis de ensombramento diagonal nas varandas dos quartos e no corpo novo do museu, um painel cerâmico tridimensional, em vidrado branco, da ceramista Maria Ana Vasco Costa.

A conexão entre o Palácio e a nova ala é feita por um túnel que leva ao estacionamento do MACAM, ou por uma área exterior com uma grande escadaria que liga ao jardim. Um espelho de água ao longo do corpo do Museu reflete a cerâmica e refresca o jardim.

Tanto as obras de reabilitação quanto a nova ala foram projetadas pelo atelier de arquitetura MetroUrbe, que enfrentou os desafios típicos da restauração de um edifício antigo — como o reforço das paredes de tabique com estruturas metálicas devido ao risco sísmico de Lisboa.

A intenção desta intervenção foi manter, recuperar ou reconverter o traço do que a história nos deixou. A intenção desta intervenção foi manter, recuperar ou reconverter o traço do que a história nos deixou. Um exemplo notável de reutilização é o pavimento atual da antiga capela, feito de madeira original do edifício que não podia ser mantida como estrutura. Esta madeira foi cortada, tratada, redimensionada e convertida em pavimento.


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