Obras
Ambitious [Ambicioso]
photography
![Ambitious [Ambicioso]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3419_w840.jpg)
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Data
2007
Técnica
Impressão Diasec
Dimensões
110 x 110 cm
O trabalho de Rui Calçada Bastos, firmado durante os anos de 1990, revela dois grandes interesses: a construção do olhar através da câmara de filmar ou fotográfica, e o interesse pela narrativa ficcional, onde o próprio, muitas vezes, se inclui, na condição de ator. Não admira que as figuras do duplo e do espelho sejam exploradas pelo artista com recorrência. As narrativas dos seus vídeos e fotografias sucedem-se maioritariamente em ambientes urbanos, marcados pelas vivências das sociedades contemporâneas. Como enigmas sem resolução, guardam uma grande margem de incerteza, pelo que a abertura semântica é ela mesma uma importante ferramenta artística.
- Ambitious
, de 2007, parece confirmá-lo. Trata-se de um pormenor em - close-up
das mãos de um homem algemado a entrar numa viatura preta. A fotografia não revela o rosto, mas sabemos que é Rui Calçada Bastos quem interpreta a personagem, a mesma que entra num vídeo homónimo, realizado pelo artista no mesmo ano. A ação é simples: um homem vestido de fato bege e camisa preta, na casa dos trinta, é preso e levado dentro de um carro da polícia até ao tribunal. À chegada do tribunal, é esperado por uma multidão em estado de expectativa, rodeada por - paparazzis
, e a narrativa termina. Desconhecemos o crime praticado e o veredicto final. Porém, o sentimento de frustração motivado pela ausência de informação é compensado pela concentração da câmara sobre algo que se dá a ver sem explicação, à semelhança dos bons momentos de suspense de um - film noir
. O facto de, neste caso, estarmos perante uma fotografia, uma imagem sem movimento, intensifica a sensação, obrigando o olhar a convergir com o pormenor das mãos algemadas. Refletida no espelho do carro, a cena duplica-se e ganha novos sentidos que apelam ao nosso humor.
Sofia Nunes
- Ambitious
, de 2007, parece confirmá-lo. Trata-se de um pormenor em - close-up
das mãos de um homem algemado a entrar numa viatura preta. A fotografia não revela o rosto, mas sabemos que é Rui Calçada Bastos quem interpreta a personagem, a mesma que entra num vídeo homónimo, realizado pelo artista no mesmo ano. A ação é simples: um homem vestido de fato bege e camisa preta, na casa dos trinta, é preso e levado dentro de um carro da polícia até ao tribunal. À chegada do tribunal, é esperado por uma multidão em estado de expectativa, rodeada por - paparazzis
, e a narrativa termina. Desconhecemos o crime praticado e o veredicto final. Porém, o sentimento de frustração motivado pela ausência de informação é compensado pela concentração da câmara sobre algo que se dá a ver sem explicação, à semelhança dos bons momentos de suspense de um - film noir
. O facto de, neste caso, estarmos perante uma fotografia, uma imagem sem movimento, intensifica a sensação, obrigando o olhar a convergir com o pormenor das mãos algemadas. Refletida no espelho do carro, a cena duplica-se e ganha novos sentidos que apelam ao nosso humor.
Sofia Nunes