CORO VI


2025
Tijolo esculpido
Este trabalho é pensado e elaborado a partir de sensações que experimentei em espaços inacabados ou em transição, assim como em relação a materiais de construção abandonados. Por um lado, exploro a ideia de um lar construído sob essas condições materiais; por outro, a intempérie e a paisagem que se forma a partir delas. Quanto ao ato de raspar tijolo, é inevitável pensar no tipo de paisagem urbana que se forma ao redor dessa prática, muitas vezes associada ao consumo de bazuco, e nas marcas que deixa nas paredes. Minha relação com essa ação é mediada pelo relato da minha mãe, que me contou que durante a gravidez teve desejo de comer tijolo. Há algo nesse material, ligado ao digestivo, que me inquieta profundamente e que me é difícil compreender em termos narrativos. Por isso, concentro-me mais na manualidade da raspagem, e é a partir daí que surge uma escrita e uma figuração que me ajuda a habitar essa indeterminação.
Johan Samboni