Obras

Edifício Porta Shampoo (Asas)

sculpture
Edifício Porta Shampoo (Asas)
Edifício Porta Shampoo (Asas)
© MACAM
Data

2007

Técnica

Porta champôs de plástico colorido

Dimensões

67 x 87 x 17 cm

O trabalho de Marepe evolui de uma profunda ligação com tradições culturais, costumes e materiais ligados ao local de nascimento do artista na Bahia, no nordeste brasileiro. Ao utilizar as especificidades do seu meio ambiente e justapô-las à realidade sociopolítica do Brasil, Marepe salvaguarda-as como memória, ao mesmo tempo que cria uma camada complexa de referências e significados que abordam a ligação entre o indivíduo e a sociedade.
Edifício Porta Shampo, 2007 faz parte de uma série de obras para as quais a apropriação, a implantação e o deslocamento servem de ponto de partida. Uma escultura minimalista feita de objetos da vida quotidiana baratos e produzidos em massa, neste caso um suporte plástico de duche para champô, é característico pela sua ambiguidade, ecoando simultaneamente aspetos da produção industrial e referências à história da arte. Marepe rejeita a compreensão do seu trabalho como um prefabricado, e em vez disso prefere perceber as suas esculturas como "necessidades", aludindo mais do que ao gesto de apropriação, à modificação do uso do objeto, à mudança de significado e ao novo contexto social do qual faz parte. O princípio do empilhamento, característico desta série, pode ser o empilhamento de baldes plásticos, espátulas, pratos ou suportes de shampoo, como é o caso do Edifício Porta Shampo, refere-se, por um lado, à reprodutibilidade dos objetos, rejeitando a ideia romântica de uma obra de arte única, enquanto, por outro lado, liga firmemente a escultura às vanguardas do século XX. Enquanto a divisão de cada pilha em placas de cores ressoa com as características formais da série Sem título (Stack) de Donald Judd, evocando conceitos de disponibilidade comercial e produção industrial, a sua forma associa o trabalho à Coluna Infinita de Brancusi - uma encarnação moderna do conceito de infinito. Ao fundir a estética da vida quotidiana com o contexto da arte, Marepe cria esculturas fantásticas, que através do seu jogo de ironia e paradoxo, configuram um poderoso comentário sobre questões socioeconómicas ligadas aos modos de vida contemporâneos, podendo estar ligadas à produção e consumo de objetos de uso quotidiano ou ao consumo da própria arte (contemporânea).
MC