Obras
Pintura
painting


Data
1971
Técnica
Técnica mista sobre tela
Dimensões
81 x 117,5 cm
No campo das artes plásticas, Álvaro Lapa assumiu desde sempre uma atitude autodidata e distanciada, embora bastante atenta à história e às movimentações contemporâneas. Os seus primeiros trabalhos, realizados na primeira metade da década de 1960, apresentam uma certa influência surrealista e evidenciam o seu interesse pelo anti-esteticismo e pela procura de uma anti-forma, explorados por via da utilização de materiais “não nobres” e pelas pesquisas em torno da ideia de desfragmentação ou de inacabado. Pintura(1969-71) integra-se ainda nesta linha de trabalho, embora já numa fase de maior maturidade conceptual. A composição, de matriz abstrata, é marcada pela simplificação esquemática e pela delimitação cromática das formas planas que realçam a bidimensionalidade do suporte, evidenciando a pintura em si. Destacando-se através do intenso contraste com a luminosidade das grandes áreas de azul e de branco, as formas e linhas negras e densas que habitam o espaço pictórico fazem parte do sistema de signos que constitui o léxico plástico do pintor.
Envolvida por uma moldura preta que delineia toda a composição, qual janela que se abre diante do espetador, esta pintura ascética e despojada descreve uma espécie de paisagem metafísica composta por elementos fragmentários que dificultam uma leitura externa definitiva ou estabilizada. A presença do elemento negro que domina o centro da tela, e para onde converge o olhar do observador, cria uma impositividade visual que é harmonizada através dos jogos de equilíbrio com os restantes elementos cromáticos e formais. O recurso à cor preta, sempre muito presente nos trabalhos de Lapa, relaciona-se com as suas pesquisas em torno da “informidade” e do “vazio” no espaço pictórico, permitindo em simultâneo criar formas austeras e depuradas que evidenciam a ideia de permanência, duração, eternidade e mistério - do ser humano e, com ele, da própria arte.
JB
Envolvida por uma moldura preta que delineia toda a composição, qual janela que se abre diante do espetador, esta pintura ascética e despojada descreve uma espécie de paisagem metafísica composta por elementos fragmentários que dificultam uma leitura externa definitiva ou estabilizada. A presença do elemento negro que domina o centro da tela, e para onde converge o olhar do observador, cria uma impositividade visual que é harmonizada através dos jogos de equilíbrio com os restantes elementos cromáticos e formais. O recurso à cor preta, sempre muito presente nos trabalhos de Lapa, relaciona-se com as suas pesquisas em torno da “informidade” e do “vazio” no espaço pictórico, permitindo em simultâneo criar formas austeras e depuradas que evidenciam a ideia de permanência, duração, eternidade e mistério - do ser humano e, com ele, da própria arte.
JB