Plataforma #1 (Modelo para uma catedral)
sculpture


2015-2016
Madeira, cimento, estrutura de metal, plástico e tintas
100 x 120 x 75 cm
Com um percurso iniciado na primeira década do século XXI, Rodrigo Oliveira desenvolve uma obra multidisciplinar, onde a escultura e a instalação predominam, a par de uma interrogação sobre sistemas culturais e respetivas codificações sociais, económicas, políticas e discursivas. Indo ao encontro de uma posição “intermédia”, como o próprio artista descreve, os seus trabalhos procuram engendrar hibridismos, trocas e miscigenações culturais a partir das referências citadas, num quadro de alteridades variado.
Entre 2015 e 2016, Rodrigo Oliveira centrou as suas pesquisas em torno da arquitetura modernista brasileira e, em particular, do complexo arquitetónico de Brasília projetado por Oscar Niemeyer na segunda metade dos anos de 1950. Vários trabalhos seguiram-se, incluindo a escultura Plataforma #1 (Modelo para uma catedral). A escultura justapõe dois elementos – uma mesa e um conjunto de bananas pintadas. Sobre o tampo da mesa, em cimento, com um design modernista de linhas orgânicas, Rodrigo Oliveira desenhou uma planta simplificada da praça onde Niemeyer construiu a famosa Catedral Metropolitana, absolutamente inovadora na manipulação curvilínea do cimento. No lugar da Catedral, o artista colocou um conjunto de bananas, com as pontas assentes no tampo e as bases dos pedúnculos apoiadas umas nas outras, num arranjo formal análogo à configuração arquitetónica da própria igreja. Na qualidade de signos, as bananas, fruto popular e cimeiro na economia brasileira, tanto espelham a modernidade utópica de Niemeyer, comprometida com uma nova cidade igualitária para todos, como interrogam as suas contradições e impopularidade. Na perecibilidade das bananas, projeta-se não apenas o urbanismo monumentalizado de Niemeyer, hostil à escala humana e às necessidades quotidianas, bem como a exclusão de populações socialmente desfavorecidas do seu projeto.
Sofia Nunes