O trabalho da artista alemã, residente em Bristol, Mariele Neudecker (1965), explora o tema da paisagem, a sua representação ao longo da história da arte e a nossa interpretação subjetiva do mesmo. O interesse de Neudecker pela paisagem e pela natureza em geral foi influenciado, principalmente, pela dimensão artística, filosófica, histórica e política do Sublime Romântico, representado nas paisagens pintadas no Norte da Europa no século XIX. As pinturas de Karl Friedrich Schinkel, Caspar David Friedrich, Johan Christian Dahl, entre outros, exerceram uma forte influência no trabalho de Neudecker, sendo o seu ponto de partida a ideia de reproduzir uma experiência de uma determinada realidade usando a representação e a simulação.

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foi inspirada pelas viagens de Neudecker à Gronelândia, no Ártico em 2012, uma região que detém a segunda maior placa de gelo do mundo. A obra, composta por escultura e vídeo, envolve a experiência direta da artista com a paisagem da Gronelândia, a impossibilidade de ser apreendida e os limites ligados à sua perceção. No vídeo da artista, caracterizado pelo movimento em câmara lenta, que representa uma análise fragmentada da superfície do iceberg, Neudecker aborda a impossibilidade de capturar e traduzir uma experiência direta de um objeto de escala idêntica, numa superfície bidimensional, ao mesmo tempo que questiona a sua retradução numa simulação tridimensional desta realidade. Ao abordar os princípios e limites da ilusão temporária, que determinam o processo cognitivo, Neudecker testa os limites da ilusão, esbatendo desta forma as fronteiras entre perceção e representação, entre o real e o artificial, entre verdade e imaginação.



Markéta Condeixa