Obras
Untitled [Sem título]
sculpture
![Untitled [Sem título]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3894_w840.jpg)
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Data
1988
Técnica
Aço e cimento
Dimensões
140 x 84,5 x 34 cm
Cristina Iglesias pertence a uma geração de artistas que, no início da década de 1980, contribuiu para uma conceção renovada da prática da escultura, abordando-a como um campo expandido de compromisso matérico, poético e simbólico entre os objetos, o observador e o espaço.
Entendendo a escultura como lugar e valorizando-a como meio de organização do espaço e da circulação, Iglesias desenvolveu desde cedo uma especial relação com a arquitetura e com a natureza (em particular, com a memória e a história da paisagem), apropriando-se de alguns dos seus elementos formais, materiais e conceptuais. Esse cruzamento é explorado nesta escultura, em que as placas de aço, dispostas como se fossem portadas de uma janela, deixam entrever a textura rugosa de um corpo em cimento cuja modelação sugere um tronco de árvore (ainda que a materialidade denuncie a sua artificialidade).
Marcada pela coexistência de elementos antagónicos (o orgânico e o inorgânico, o interior e o exterior, o visível e o oculto, o real e o ilusório), esta peça destaca-se também pelas tensões que cria no ato de perceção da tridimensionalidade, ao impor ao observador um ponto de vista frontal, sugerido quer pela disposição simétrica dos elementos em torno de uma abertura centralizada, quer pela fixação da peça na parede, solução que remete para os meios tradicionais de apresentação da pintura ou da escultura integrada em nichos.
Através desta obra, Cristina Iglesias aborda a multiplicidade da ideia de espaço (exterior, objetivo e físico; interior, subjetivo e mental) e questiona a complexidade ao ato percetivo, temas que serão desenvolvidos no seu trabalho posterior, culminando em projetos em que o espaço expositivo passa a ser parte integrante das obras: a escultura prolonga-se e funde-se com a arquitetura que a contém, juntas constituindo uma unidade complexa dotada de novos valores semânticos.
Joana Baião
Entendendo a escultura como lugar e valorizando-a como meio de organização do espaço e da circulação, Iglesias desenvolveu desde cedo uma especial relação com a arquitetura e com a natureza (em particular, com a memória e a história da paisagem), apropriando-se de alguns dos seus elementos formais, materiais e conceptuais. Esse cruzamento é explorado nesta escultura, em que as placas de aço, dispostas como se fossem portadas de uma janela, deixam entrever a textura rugosa de um corpo em cimento cuja modelação sugere um tronco de árvore (ainda que a materialidade denuncie a sua artificialidade).
Marcada pela coexistência de elementos antagónicos (o orgânico e o inorgânico, o interior e o exterior, o visível e o oculto, o real e o ilusório), esta peça destaca-se também pelas tensões que cria no ato de perceção da tridimensionalidade, ao impor ao observador um ponto de vista frontal, sugerido quer pela disposição simétrica dos elementos em torno de uma abertura centralizada, quer pela fixação da peça na parede, solução que remete para os meios tradicionais de apresentação da pintura ou da escultura integrada em nichos.
Através desta obra, Cristina Iglesias aborda a multiplicidade da ideia de espaço (exterior, objetivo e físico; interior, subjetivo e mental) e questiona a complexidade ao ato percetivo, temas que serão desenvolvidos no seu trabalho posterior, culminando em projetos em que o espaço expositivo passa a ser parte integrante das obras: a escultura prolonga-se e funde-se com a arquitetura que a contém, juntas constituindo uma unidade complexa dotada de novos valores semânticos.
Joana Baião