Cândido Costa Pinto (Figueira da Foz, 1911 – São Paulo, 1977) recebeu, no âmbito da pintura e do desenho, os primeiros ensinamentos no atelier do seu pai. Com apenas 12 anos, já trabalhava com a imprensa, na qual publicou a sua primeira caricatura. Frequentou o Liceu de Coimbra e, em 1931, foi um dos fundadores do grupo dos Divergentes, que reunia jovens artistas plásticos. O período entre 1929 e 1939, marcado pela doença tuberculosa que havia contraído, constituiu uma fase de novos interesses, nomeadamente, o yoga e os textos de Krishnamurti, cujas ideias influenciariam a sua personalidade. No contexto das artes gráficas, às quais se dedica a partir de 1939, foi autor de um conjunto notável de cartazes e capas para livros, de inspiração surrealista, destacando-se as das coleções Argonauta e Vampiro. Em 1941, realiza a sua primeira exposição individual, marcando o início da sua produção surrealista. Seis anos mais tarde, viaja para Paris, onde convive com André Breton e o seu grupo, assinando o manifesto Rupture inaugurale. A sua obra não foi totalmente aceite pelo grupo francês, havendo discordâncias relativamente aos conceitos do surrealismo, que levariam ao seu regresso a Lisboa, no mesmo ano. Na capital portuguesa, foi uma figura central na criação do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com nomes como António Pedro, Fernando de Azevedo, Marcelino Vespeira ou José Augusto França. Costa Pinto recusou participar em algumas manifestações do grupo, não demonstrando a atitude desafiadora dos seus colegas. O facto de ter participado no Salão de Lisboa organizado pelo SNI, conotou-o com o governo e dado o carácter protestante do grupo contra o regime salazarista, esta atitude conduziu à sua expulsão. Numa fase inicial, a sua obra revela uma influência significativa de Salvador Dalí, evoluindo para uma linguagem geometrizante, por vezes abstrata. Além das diversas exposições que realiza em Lisboa, destaca-se internacionalmente na participação na 25ª Bienal de Veneza, em 1950, e na 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. Foi também produtor e realizador de documentários. A sua obra encontra-se representada em várias coleções institucionais e particulares.
FMV, outubro 2020