Filipa César

Filipa César (Porto, 1975) é artista e cineasta, vive e trabalha em Berlim. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, realizou também uma pós-graduação na Academia de Belas-Artes de Munique e um mestrado em Arte em Contexto na Universidade das Artes de Berlim (UDK).
A sua prática artística interroga as relações porosas entre ficção e documentário, entre política e poética da imagem em movimento, interessando-se pelos seus dispositivos de produção, conservação e circulação.  Desde 2011, desenvolve um longo trabalho de investigação interdisciplinar em torno da história e da memória do movimento de libertação da Guiné-Bissau, dando origem a uma constelação de filmes, instalações, exposições, seminários e publicações, em colaboração com artistas, investigadores e ativistas. Destaca-se o projeto de restauro, digitalização e difusão dos primeiros arquivos audiovisuais da Guiné-Bissau, em estreita colaboração com os cineastas Sana na N’Hada, Flora Gomes e o Arsenal – Institute for Film and Video Art em Berlim. Paralelamente, realizou as curtas-metragens Embaixada (2011), Cacheu (2012), Conakry (2013), Sol Miné (2014), Transmission from the Liberated Zones (2016), a sua primeira longa-metragem Spell Reel(2017), Sunstone, co-realizado com Louis Henderson (2018) e a instalação fílmica Crioulo Quântico (2019). 
O livro Time Place Matter Voice. Luta ca caba inda. 1967–2017 (Archive Books, 2017) documenta e aprofunda este processo, que é igualmente o objeto de estudo do seu doutoramento em Estudos Artísticos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, desde 2013. 
Foi distinguida com os prémios União Latina em 2003, Prémio BES Photo 2009, Prémio de Melhor Filme – festival Curtas, Vila do Conde (2015), Prémio de Aquisição Coleção de Arte SESC Videobrasil (2017), Menção Honrosa – Festival Internacional de San Sebastian (2017), Afield Fellowship (2018-19, com Sana na N’Hada), entre outros. Tem exibido regularmente o seu trabalho em instituições e eventos importantes, como a 29ª Bienal de São Paulo, Manifesta 8 em Cartagena, 67ª Berlinale; Haus der Kulturen der Welt, Berlim; Jeu de Paume, Paris; SAVVY Contemporary, Berlim; Tensta konsthall, Estocolmo; Mumok, Viena; Contour 8 Biennial; MoMA, Nova Iorque; Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Tate Modern, Londres. 
Tem o seu trabalho representado em coleções privadas e públicas, quer em Portugal como no estrangeiro. 
CB
Outubro 2020