Obras

Shooting Star [Estrela Cadente]

video
Shooting Star [Estrela Cadente]
Shooting Star [Estrela Cadente]
© Filipa César
Data

2005

Técnica

Vídeo, 4:3, cor, som, 3'11''

O presente vídeo mostra um ambiente rural num inverno gélido e coberto de neve, uma penumbra do anoitecer tranquila que é interrompida por um helicóptero que carrega, suspenso, um objeto metálico: uma estrela escultórica. A estrela ao ser transportada projeta a sua luz no solo, como se rastreasse o terreno, e o seu brilho cria um efeito de luz na lente da câmera, que lhe dá uma forma idealizada e representativa. À medida que escurece começa também a nevar e a viagem da estrela tridimensional, claramente a materialização de uma estrela cadente, é interrompida, indo de encontro ao chão em queda livre. Com o impacto violento a peça deixa de brilhar e aparecem duas pessoas para a resgatar.

- Shooting star,
de 2005, apresenta-nos um evento misterioso, surrealista e quase humorístico, num ato documental fictício da descida de um astro ao nosso planeta. Filipa César retrata assim uma construção teatral, que nos deixa interrogados sobre o propósito de tal improvável experiência.

É impossível não realçar a complicada logística da produção deste vídeo. Organizar meios que envolvem um helicóptero e a autorização para deixar cair um objeto de grandes dimensões, bem como o próprio processo da filmagem de um objeto aéreo transportado é claramente desafiante. A artista e cineasta portuguesa, conhecida pelos seus projetos de investigação que exploram o ponto de vista ficcional do documentário, expressa, com este vídeo, uma ação simples, tocante e metafórica. Esta - Shooting star
pode ser vista como uma alusão à tradição cristã da estrela de Belém que guiou os reis magos até onde Jesus nasceu, mas também à carreira interrompida de uma estrela do cinema ou da música, como a expressão inglesa o sugere. Apesar da expressão “estrela cadente” ser tão comum, este fenómeno astronómico é na realidade o efeito da queda de um meteorito, sendo assim um dos erros mais divulgados de sempre.



Diogo da Cruz