Joaquim Rodrigo (Lisboa, 1912 - Lisboa, 1997) conclui a licenciatura em Engenharia Agronómica no Instituto Superior da Agronomia, em 1939, local onde, mais tarde, se diploma também em Silvicultura. Exerce funções nesta área desde 1938, tendo sido um dos responsáveis pela criação do Parque Florestal de Monsanto. O interesse numa carreira artística surge tardiamente, ingressando no curso de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes apenas em 1950. Contudo, não se relacionando com o método do ensino académico, abandona o curso no ano seguinte e aluga um atelier com outros colegas, dando preferência a um percurso de desenvolvimento autodidata. As viagens constantes que realiza pela Europa desde a década de 40 terão servido de impulso para a sua atividade artística posterior, particularmente as que realiza a Paris, onde assiste à emergência das vertentes do Abstracionismo. Ainda em 1951, expõe na 6ª Exposição Geral de Artes Plásticas, sendo que se tornaria uma presença assídua nas seguintes. Em 1954, está entre os artistas que figuram no I Salão de Arte Abstrata, organizado por José-Augusto França na Galeria de Março. Os anos seguintes são marcados pela presença nas tertúlias da Paraíso e pela participação em importantes exposições, tais como a Bienal de São Paulo (1957 e 1989) e a retrospetiva Art Portugais (Bruxelas, 1967; Paris e Madrid, 1968). Individualmente, destaca-se a exposição na Galeria Quadrum, em 1982, na qual recebe o prémio AICA/SEC. Se numa primeira fase a sua obra está essencialmente ligada ao abstracionismo geométrico, a partir dos anos 1960, ganha um maior interesse pelo figurativo, incorporando uma linguagem simbólica original, por vezes em sentido de crítica aos acontecimentos que o rodeavam, como a Guerra Colonial. Foi ainda autor dos textos O Complementarismo em Pintura (1982) e O Pintar Certo (1995), que constituem bases conceptuais para a sua produção pictórica. Em 1972, a Sociedade Nacional de Belas Artes organiza a sua primeira retrospetiva, e recebe o Prémio Soquil da Crítica da Arte. Foi também o único artista a quem o historiador José-Augusto França dedicou um estudo monográfico. Está representado nas principais coleções nacionais públicas e privadas.
FMV, outubro 2020
FMV, outubro 2020