Após realizar um Curso Comercial, por incentivo da família, Jorge Pinheiro (Coimbra, 1931) ingressa, em 1955, na Escola de Belas Artes do Porto, onde conclui o curso de Pintura, em 1963, com a classificação final de vinte valores. A mesma nota final tiveram os seus colegas Ângelo de Sousa, José Rodrigues e Armando Alves, com os quais funda, em 1968, o grupo “Os Quatro Vintes”, ativos no contexto expositivo até 1972. Pinheiro participa em exposições coletivas desde 1954, estreando-se a solo quatro anos mais tarde, no Centro Transmontano do Porto. Se, por um lado, a sua obra inicial é marcada pela figuração de teor realista e pela temática social que aprendera na sua educação académica, por outro, entre meados dos anos 60 e o princípio da década de 80, a sua pesquisa dirigir-se-ia para um abstracionismo geométrico, com afinidade por outras correntes internacionais, como a Pop Art, a Op Art, o Minimalismo e a Arte cinética. Na origem e consolidação desta mudança, encontram-se duas experiências, ambas financiadas pela Fundação Calouste Gulbenkian: uma viagem por diversos países europeus, em 1966, e uma estadia em Paris, entre 1969 e 1970, onde estudou Semiótica da Pintura. Linhas e formas geométricas diversas, aliadas a uma paleta livre e contrastante, compõem os seus padrões, que, em 1970, evoluem para uma malha complexa, existindo uma clara percepção de ritmo e, simultaneamente, de seriação por parte do artista, que torna claro o seu interesse pela música (particularmente nas séries de “pautas”) e pela matemática (no recurso à «Sequência de Fibonacci»). Na viragem para os anos 80, reassumindo o espírito de crítica social e política dos primeiros anos, agora apoiada numa série de alusões à história da pintura e da cultura ocidental, e integrando referências neoclássicas e barrocas, retoma uma figuração plena. Destaca-se a sua atividade pedagógica, tendo exercido funções na Escola de Belas Artes do Porto, entre 1963 e 1976, ano em que passa a lecionar na de Lisboa. Foi ainda um dos fundadores da Árvore – Cooperativa de Atividades Artisticas. Marcos da sua carreira, amplamente reconhecida, incluem a Menção Honrosa do Prémio Soquil, em 1970, e o Prémio AICA, em 2003. A sua obra encontra-se presente em várias coleções públicas e privadas.
FMV, outubro 2020
FMV, outubro 2020