Obras

Chino mirándose en espejo redondo [Chinês olhando-se em espelho redondo]

sculpture
Chino mirándose en espejo redondo [Chino olhando-se em espelho redondo]
Chino mirándose en espejo redondo [Chino olhando-se em espelho redondo]
Cortesia Juan Muñoz Estate
Data

1999

Técnica

Resina poliéster e espelho

Dimensões

142 x 48 x 43 cm (figura), Ø90 cm (espelho)

Artista de referência na renovação da escultura contemporânea internacional, Juan Muñoz é reconhecido pela recuperação desassombrada da linguagem figurativa e pela reaproximação aos cânones da escultura clássica, que soube conjugar com as problemáticas formais e conceptuais da arte do seu tempo.

Depois de uma fase de produção em que explorou questões relacionadas com a ocupação e as ilusões do espaço, materializada em trabalhos que recorrem a elementos arquiteturais, no início da década de 1990, o escultor começa a introduzir a figura humana e a narrativa na sua prática, em cenas concebidas com grande teatralidade. Isoladas ou em grupos, em ações e atitudes que exploram as relações entre a realidade e a ficção, o reconhecível e o estranho, estas figuras não só instam à reflexão acerca das dimensões espaciais que definem a relação (física) do indivíduo com o mundo, como convocam temas relacionados com a condição humana (a solidão, os processos de sociabilidade), desafiando o observador a questionar a sua própria existência.

Emblemáticas na produção de Juan Muñoz, são as personagens com traços faciais asiáticos - homens, baixos e carecas, cujas cabeças idênticas são derivações de um busto de cerâmica do século XIX (- Chih Fan Han Yang
, do escultor Jean Mich) - que surgem em várias obras, entre as quais - Chino mirándose en espejo redondo
[Chinês olhando-se em espelho redondo], de 1999.

Aparentemente mundana - um homem que se observa ao espelho, sorrindo alegremente -, a cena tem algo de desconcertante, desde logo devido ao sorriso rasgado e congelado da personagem que, embora fixada no seu reflexo, pode bem estar a rir-se do observador. Aqui, são exploradas as tensões entre distância e proximidade, o ato de ver e ser visto: a presença do espelho, que tanto reflete a figura como o observador, cria a ilusão de uma ligação entre os dois; contudo, mesmo que projetemos o nosso reflexo na escultura, nunca deixamos de ser intrusos, incapazes de qualquer troca com a enigmática personagem. A impossibilidade de comunicação e a crítica a uma sociedade narcisista cada vez mais alienante, bem patentes neste trabalho, foram motivos recorrentes na obra de Muñoz.



Joana Baião

Obras

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