Obras
Chino mirándose en espejo redondo [Chinês olhando-se em espelho redondo]
sculpture
![Chino mirándose en espejo redondo [Chino olhando-se em espelho redondo]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3456_w840.jpg)
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Data
1999
Técnica
Resina poliéster e espelho
Dimensões
142 x 48 x 43 cm (figura), Ø90 cm (espelho)
Artista de referência na renovação da escultura contemporânea internacional, Juan Muñoz é reconhecido pela recuperação desassombrada da linguagem figurativa e pela reaproximação aos cânones da escultura clássica, que soube conjugar com as problemáticas formais e conceptuais da arte do seu tempo.
Depois de uma fase de produção em que explorou questões relacionadas com a ocupação e as ilusões do espaço, materializada em trabalhos que recorrem a elementos arquiteturais, no início da década de 1990, o escultor começa a introduzir a figura humana e a narrativa na sua prática, em cenas concebidas com grande teatralidade. Isoladas ou em grupos, em ações e atitudes que exploram as relações entre a realidade e a ficção, o reconhecível e o estranho, estas figuras não só instam à reflexão acerca das dimensões espaciais que definem a relação (física) do indivíduo com o mundo, como convocam temas relacionados com a condição humana (a solidão, os processos de sociabilidade), desafiando o observador a questionar a sua própria existência.
Emblemáticas na produção de Juan Muñoz, são as personagens com traços faciais asiáticos - homens, baixos e carecas, cujas cabeças idênticas são derivações de um busto de cerâmica do século XIX (- Chih Fan Han Yang
, do escultor Jean Mich) - que surgem em várias obras, entre as quais - Chino mirándose en espejo redondo
[Chinês olhando-se em espelho redondo], de 1999.
Aparentemente mundana - um homem que se observa ao espelho, sorrindo alegremente -, a cena tem algo de desconcertante, desde logo devido ao sorriso rasgado e congelado da personagem que, embora fixada no seu reflexo, pode bem estar a rir-se do observador. Aqui, são exploradas as tensões entre distância e proximidade, o ato de ver e ser visto: a presença do espelho, que tanto reflete a figura como o observador, cria a ilusão de uma ligação entre os dois; contudo, mesmo que projetemos o nosso reflexo na escultura, nunca deixamos de ser intrusos, incapazes de qualquer troca com a enigmática personagem. A impossibilidade de comunicação e a crítica a uma sociedade narcisista cada vez mais alienante, bem patentes neste trabalho, foram motivos recorrentes na obra de Muñoz.
Joana Baião
Depois de uma fase de produção em que explorou questões relacionadas com a ocupação e as ilusões do espaço, materializada em trabalhos que recorrem a elementos arquiteturais, no início da década de 1990, o escultor começa a introduzir a figura humana e a narrativa na sua prática, em cenas concebidas com grande teatralidade. Isoladas ou em grupos, em ações e atitudes que exploram as relações entre a realidade e a ficção, o reconhecível e o estranho, estas figuras não só instam à reflexão acerca das dimensões espaciais que definem a relação (física) do indivíduo com o mundo, como convocam temas relacionados com a condição humana (a solidão, os processos de sociabilidade), desafiando o observador a questionar a sua própria existência.
Emblemáticas na produção de Juan Muñoz, são as personagens com traços faciais asiáticos - homens, baixos e carecas, cujas cabeças idênticas são derivações de um busto de cerâmica do século XIX (- Chih Fan Han Yang
, do escultor Jean Mich) - que surgem em várias obras, entre as quais - Chino mirándose en espejo redondo
[Chinês olhando-se em espelho redondo], de 1999.
Aparentemente mundana - um homem que se observa ao espelho, sorrindo alegremente -, a cena tem algo de desconcertante, desde logo devido ao sorriso rasgado e congelado da personagem que, embora fixada no seu reflexo, pode bem estar a rir-se do observador. Aqui, são exploradas as tensões entre distância e proximidade, o ato de ver e ser visto: a presença do espelho, que tanto reflete a figura como o observador, cria a ilusão de uma ligação entre os dois; contudo, mesmo que projetemos o nosso reflexo na escultura, nunca deixamos de ser intrusos, incapazes de qualquer troca com a enigmática personagem. A impossibilidade de comunicação e a crítica a uma sociedade narcisista cada vez mais alienante, bem patentes neste trabalho, foram motivos recorrentes na obra de Muñoz.
Joana Baião