Du Travail in situ 1976 au Travail situé 2020: Triptyque [De Obra in situ 1976 a Obra situada 2020: Tríptico]
painting
![Du Travail in situ 1976 au Travail situé 2020: Triptyque [De Obra in situ 1976 a Obra situada 2020: Tríptico]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3553_w840.jpg)
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1976-2020
Acrílico sobre tela
255,5 x 285 cm (202 x 78; 255,5 x 111; 202 x 78 cm)
Du Travail in situ 1976 au Travail situé 2020: Triptyque (1976-2020) materializa as grandes linhas de pensamento e a evolução do trabalho de Daniel Buren, que desde a década de 1960 tem vindo a questionar as noções de autoria e as convenções institucionais e processuais do fazer artístico. Pretendendo desprover as suas obras de significado ou referências, o artista começou a utilizar sistematicamente um tecido industrial com riscas verticais fixas de 8,7 cm de largura, alternando o branco com outra cor. Entendidas como uma “ferramenta visual”, as lonas listadas simbolizavam a renúncia ao gesto pictórico e constituíam um registo visual simples e banal. O objetivo era atingir o “grau zero de pintura”, intenção reforçada pela ausência de molduras e pela apresentação não convencional destes trabalhos, muitas vezes pousados no chão, situando-se algures entre a pintura, a escultura e a instalação.
Interessado pela transferência da atenção do observador da obra para o meio físico e social em que o artista intervém, a partir do final da década de 1960 Buren começa a privilegiar as intervenções site specific, primeiro na rua, depois na galeria, no museu, na paisagem ou em estruturas arquitetónicas. Dentro deste ciclo criativo, o artista irá conceber trabalhos in situ e trabalhos situados, cujos princípios se encontram na evolução conceptual de Du Travail in situ 1976 au Travail situé 2020: Triptyque: como obra in situ, este tríptico encontrava-se intimamente ligado ao local original para o qual foi concebido em 1976, refletindo os questionamentos de Buren acerca da independência da obra de arte: a obra existe apenas num determinado espaço, e não pode ser deslocada ou colocada em qualquer lugar sem que perca o seu sentido original. A transposição da obra como trabalho situado, em 2020, deu-lhe a possibilidade de ser apresentada em diversos locais, desde que respeitados os princípios estabelecidos pelo artista. Embora sejam indissociáveis ??de um determinado ambiente, os trabalhos situados podem ser adaptados a uma infinidade de situações diferentes: a peça muda em cada apresentação, assim como transforma o local em que é exibida.
Joana Baião