Obras
Gôndola
painting


Data
s.d.
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
23,5 x 32 cm
Conhecido sobretudo pela prática do retrato e da paisagem, Marques de Oliveira (ou Marques d'Oliveira) concretiza nesta pintura uma representação de modernidade, na atenção à luz e às suas vibrações sobre a superfície da água. Neste apontamento de paisagem, surpreendemos a fugaz e leve passagem de gôndola, vogando obre as águas da laguna de Veneza. Sobre ela, um céu azul cinza, com nuvens em diversos tons de rosa, lança reflexos para a água, junto ao cais e junto à base da composição. No centro da atenção do observador (mas não no centro da composição), a embarcação lança nas águas um reflexo que transforma o negro numa longa e quase simétrica mancha verde.
Mostrando mais céu do que água, acentuando o peso da atmosfera sobre o corpo da paisagem, cortada a um terço da sua estrutura horizontal pela mancha negra do barco, a composição, nas suas cores transparentes e na quietude que regista, evoca a pintura de alguns vedutistas venezianos. Etéreo no seu cromatismo que quase se funde na paisagem, o gondoleiro, de rosto e mãos tisnadas pelo sol, veste das mesmas cores que o céu e as águas, apresentando apenas uma maior densidade de tinta que lhe confere corpo e destaque da superfície. No que concerne a paisagem, a pintura sugere, não afirma; guardando a sua assertividade para os elementos centrais (embarcação e seu condutor), irmana os elementos de fundo (água e ar) numa mesma fluidez e vibração. A sua hábil e rigorosa pincelada define as formas de modo absolutamente sintético, envolvendo-as numa atmosfera húmida e plácida que evoca a mítica imperturbabilidade melancólica da Sereníssima.
EF
Mostrando mais céu do que água, acentuando o peso da atmosfera sobre o corpo da paisagem, cortada a um terço da sua estrutura horizontal pela mancha negra do barco, a composição, nas suas cores transparentes e na quietude que regista, evoca a pintura de alguns vedutistas venezianos. Etéreo no seu cromatismo que quase se funde na paisagem, o gondoleiro, de rosto e mãos tisnadas pelo sol, veste das mesmas cores que o céu e as águas, apresentando apenas uma maior densidade de tinta que lhe confere corpo e destaque da superfície. No que concerne a paisagem, a pintura sugere, não afirma; guardando a sua assertividade para os elementos centrais (embarcação e seu condutor), irmana os elementos de fundo (água e ar) numa mesma fluidez e vibração. A sua hábil e rigorosa pincelada define as formas de modo absolutamente sintético, envolvendo-as numa atmosfera húmida e plácida que evoca a mítica imperturbabilidade melancólica da Sereníssima.
EF