Obras

händehoch/entblösst [mãos para cima/expostas]

painting
händehoch/entblösst [mãos para cima / expostas]
händehoch/entblösst [mãos para cima / expostas]
© Markus Tretter, cortesia Galeria Pedro Cera
Data

23/24.6.2018

Técnica

Óleo sobre tela

Dimensões

252 x 293 cm

Miriam Cahn trabalha em pintura, desenho, performance, cinema, fotografia e escultura. As suas práticas visuais enraízam-se profundamente nas crises políticas e nas questões sociais contemporâneas, tais como guerras, violência, brutalidade, sexismo ou racismo. Originária de uma família judaica que fugiu da Alemanha nazi para se estabelecer na Suíça, a artista está vivamente comprometida contra todos os tipos de abuso de poder, dominação, injustiça e perseguições. O seu trabalho demonstra uma meditação profunda sobre a condição humana em geral, explorando dinâmicas interpessoais, emoções e misérias desde o desprezo, vulnerabilidade, medo, trauma e desespero existencial até ao desejo e exploração sexual, sofrimento, agonia ou morte.

O tema central que atravessa toda a sua obra é o da figura humana, a sua presença, as suas propriedades e manifestações visuais. Deste modo, Miriam Cahn representa o corpo em todas as suas múltiplas formas e posturas, com traços de rosto indistintos e genitais ampliados, sobre fundos abstratos, planos e diáfanos. Em - händehoch/entblösst
, uma peça de «Hands up», uma série em desenvolvimento que iniciou em 2010, Cahn aborda a questão do abuso sexual e da violência de género. De pé num cenário exterior inóspito e desolado, três corpos de mulheres, de frente, nus e indefesos, de diversas idades, estão cruelmente expostos com os braços erguidos e as roupas abaixo dos joelhos. Embora a cena sugira que as mulheres estão a ser forçadas a manter esta posição, evocando deste modo a presença de uma ameaça - ironicamente posicionada no lugar do espetador -, há uma certa confusão. A figura jovem à direita, com uma espécie de bola nas mãos e o esboço de um sorriso na face, revela a ambiguidade visual entre o gesto de brincadeira infantil e a possível humilhação e violação.



Katherine Sirois