Obras
Les femmes invisibles [As mulheres invisíveis]
painting

Data
1972
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
195,5 x 114,3 cm
Formado em pintura na Escola de Belas Artes do Porto, Eduardo Luiz (1932-1988) experimentou a música, a dança e a cenografia no início da sua carreira. Contudo, cedo se afirma na pintura, ganhando em 1958 o Prémio Jovem Pintura na Galeria de Março. Nesse mesmo ano parte para Paris com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, aí vindo a fixar residência.
Se no início do seu percurso experimenta a abstração, é numa nova figuração que encontra a sua linguagem específica, articulando diversas influências. Talvez influenciado pela importância da linguística na reflexão filosófica da época, a sua pintura reenvia para referências barrocas (pelo jogo entre realidade e ilusão, pelo recurso ao tromp l'oeil), maneiristas (pela distorção hedonista das formas), para a pintura flamenga (pelo preciosismo e virtuosismo do detalhe), para alguns surrealistas (como Magritte), e por vezes para mestres modernos, cuja pintura a sua comenta (como Ingres ou Manet).
Neste óleo de 1972, observamos o motivo da mulher desmultiplicada no espaço, o qual começara a surgir em obras que recuam pelo menos a 1967 (como La Machine à detecter la femme invisible) e que surge também na série dos seus quadros a simular ardósias. O negro, que simula a profundidade do espaço (e sobre o qual diria Eduardo Luiz tratar-se da “ausência de denotação”), recebe um quadrado cinza que por sua vez alberga um círculo azul. Este círculo, qual lente caleidoscópica, abre para um abstrato espaço geométrico onde um jogo de espelhos desmultiplica a figura feminina até ao infinito. A figura da mulher é sempre simbólica, parcelada, não identificável: imagem de uma ideia de feminino mais do que de qualquer mulher específica. Sob este círculo central, na faixa negra inferior, três círculos menores. Na faixa negra superior, contrastando com estes registos de representação, um rabanete suspenso, a intrometer-se num universo semântico a que é alheio.
LC
Se no início do seu percurso experimenta a abstração, é numa nova figuração que encontra a sua linguagem específica, articulando diversas influências. Talvez influenciado pela importância da linguística na reflexão filosófica da época, a sua pintura reenvia para referências barrocas (pelo jogo entre realidade e ilusão, pelo recurso ao tromp l'oeil), maneiristas (pela distorção hedonista das formas), para a pintura flamenga (pelo preciosismo e virtuosismo do detalhe), para alguns surrealistas (como Magritte), e por vezes para mestres modernos, cuja pintura a sua comenta (como Ingres ou Manet).
Neste óleo de 1972, observamos o motivo da mulher desmultiplicada no espaço, o qual começara a surgir em obras que recuam pelo menos a 1967 (como La Machine à detecter la femme invisible) e que surge também na série dos seus quadros a simular ardósias. O negro, que simula a profundidade do espaço (e sobre o qual diria Eduardo Luiz tratar-se da “ausência de denotação”), recebe um quadrado cinza que por sua vez alberga um círculo azul. Este círculo, qual lente caleidoscópica, abre para um abstrato espaço geométrico onde um jogo de espelhos desmultiplica a figura feminina até ao infinito. A figura da mulher é sempre simbólica, parcelada, não identificável: imagem de uma ideia de feminino mais do que de qualquer mulher específica. Sob este círculo central, na faixa negra inferior, três círculos menores. Na faixa negra superior, contrastando com estes registos de representação, um rabanete suspenso, a intrometer-se num universo semântico a que é alheio.
LC