Obras
Marinha
painting


Data
c. 1905
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
153 x 295,6 cm (tríptico - 153 x 74,5 cm; 153 x 146,7 cm; 153 x 74,4 cm)
Segundo consta na minha família, quando perguntavam ao meu trisavô, João Vaz, o porquê de sair sempre tão cedo de casa, ele respondia que era - para apanhar e observar a luz.
Pintor naturalista por excelência, predominam na sua obra, acima de tudo, as paisagens marinhas. Neste seu género predileto, que caracteriza a produção de 1880 em diante, destaca-se o notório tratamento lumínico, atmosférico e compreensão das tonalidades, que sustentariam a crítica positiva que recebeu. A luz, fundamental para todos os naturalistas, ganha um novo sentido através da mão e do olhar de João Vaz. É que o meu trisavô, na sua tremenda capacidade de observação e de assimilação do natural, fixava nas suas marinhas os ambientes que via, transmitindo a luminosidade de um modo muito próprio, assim como uma sensação de serenidade, característica da sua personalidade, da qual o observador, e as figuras que habitam a obra, partilham.
A obra - Marinha
(c. 1905) comunga destes aspetos, como tantas outras realizadas por volta dos mesmos anos. Veja-se uma outra - Marinha
(c. 1905, cat. 294), também presente na exposição - João Vaz - Um Pintor do Naturalismo
(Casa-Museu Anastácio Gonçalves, 2005) e no respetivo catálogo, que terá servido de estudo para a obra em questão e para um outro tríptico que o artista realizou no mesmo ano, destinado à redecoração do Café Leão d'Ouro (- Marinha, Lavradio
, 1905, cat. 74). Da Marinha em apreciação, porém, pouco se conhece do historial, sendo pertinente colocar a hipótese de se tratar de uma encomenda particular.
Este tríptico de grandes dimensões traduz o que de mais comum há nas composições de Vaz: no painel central e lateral direito, as embarcações à vela surgem ancoradas no rio, com os seus reflexos suaves e incontornáveis; a superfície de mar e de céu encontra-se ao centro, na vincada linha do horizonte, a qual é interrompida pelos mastros, os únicos elementos que concedem verticalidade à composição; entre o jogo de preenchimentos e vazios, a figura do mariscador e outras pequenas embarcações ao longe, no painel esquerdo, equilibram a composição, demonstrando entendimento dos costumes costeiros, tipicamente portugueses; à cintilação das águas, contrapõe o estático do céu (retratando aqui um dia menos luminoso do que em outras obras), recorrendo a um jogo de tonalidades simples.
Francisca Morais Vaz
Pintor naturalista por excelência, predominam na sua obra, acima de tudo, as paisagens marinhas. Neste seu género predileto, que caracteriza a produção de 1880 em diante, destaca-se o notório tratamento lumínico, atmosférico e compreensão das tonalidades, que sustentariam a crítica positiva que recebeu. A luz, fundamental para todos os naturalistas, ganha um novo sentido através da mão e do olhar de João Vaz. É que o meu trisavô, na sua tremenda capacidade de observação e de assimilação do natural, fixava nas suas marinhas os ambientes que via, transmitindo a luminosidade de um modo muito próprio, assim como uma sensação de serenidade, característica da sua personalidade, da qual o observador, e as figuras que habitam a obra, partilham.
A obra - Marinha
(c. 1905) comunga destes aspetos, como tantas outras realizadas por volta dos mesmos anos. Veja-se uma outra - Marinha
(c. 1905, cat. 294), também presente na exposição - João Vaz - Um Pintor do Naturalismo
(Casa-Museu Anastácio Gonçalves, 2005) e no respetivo catálogo, que terá servido de estudo para a obra em questão e para um outro tríptico que o artista realizou no mesmo ano, destinado à redecoração do Café Leão d'Ouro (- Marinha, Lavradio
, 1905, cat. 74). Da Marinha em apreciação, porém, pouco se conhece do historial, sendo pertinente colocar a hipótese de se tratar de uma encomenda particular.
Este tríptico de grandes dimensões traduz o que de mais comum há nas composições de Vaz: no painel central e lateral direito, as embarcações à vela surgem ancoradas no rio, com os seus reflexos suaves e incontornáveis; a superfície de mar e de céu encontra-se ao centro, na vincada linha do horizonte, a qual é interrompida pelos mastros, os únicos elementos que concedem verticalidade à composição; entre o jogo de preenchimentos e vazios, a figura do mariscador e outras pequenas embarcações ao longe, no painel esquerdo, equilibram a composição, demonstrando entendimento dos costumes costeiros, tipicamente portugueses; à cintilação das águas, contrapõe o estático do céu (retratando aqui um dia menos luminoso do que em outras obras), recorrendo a um jogo de tonalidades simples.
Francisca Morais Vaz