Obras

No Life Lost II [Nenhuma vida perdida II]

installation
No Life Lost II [Nenhuma vida perdida II]
No Life Lost II [Nenhuma vida perdida II]
© Bruno Lopes, cortesia Galeria Pedro Cera
Data

2015

Técnica

Pele de cavalo, madeira, vidro, tecido, couro, cobertores, ferro, epóxi

Dimensões

237,5 x 354 x 233 cm

Com influências estéticas ancoradas no Renascimento Flamengo, iconografia cristã, mitologia e tradição cultural europeia, a obra da artista belga Berlinde de Bruyckere carateriza-se pela criação de figuras distorcidas e impactantes, desenhos e composições escultóricas trabalhadas a partir de moldes em cera, peles de animais, cabelos, têxteis, metal e madeira. O corpo, elemento recorrente e central, é colocado em evidência nas dualidades força e fragilidade, perigo e proteção, amor e sofrimento, vida e morte, convocando, no espectador, um terreno psicológico latente entre o desconforto e a ternura.

- No Life Lost II
, 2015, é uma impressionante obra escultórica constituída por três cavalos empilhados e jacentes no interior de uma vitrine. Resultado da continuidade de trabalhos desenvolvidos para o WWI Museum de Ipres, Bélgica, esta obra retrata a vulnerabilidade destes animais, tradicionalmente associados ao poder e à força, e usados como recurso na primeira Grande Guerra. A vitrine de vidro, objeto sinónimo de proteção e preservação de preciosidades, resguarda (assim como constrange) estes corpos feridos notoriamente expostos à dor. Morto e indefeso, o primeiro cavalo repousa diretamente sobre o estrado e o segundo corpo, disforme, surge sobreposto. Por sua vez, o terceiro cavalo, aquele que se encontra mais acima, parece ainda conservar um movimento residual na forma como, indefeso - uma vez que existe uma fivela a aprisionar-lhe as patas superiores - se debate no interior da vitrine e “empurra” ainda uma das portas. O enfaixamento do rosto - permite o recolhimento destes corpos-vítima, que, no seu conjunto, parecem estabelecer um - frame
temporal que reúne simultaneamente potência e derrota, fim e transformação. Este cenário de tensão, em que o espetador é testemunha, expõe a ideia romântica que estabelece a ligação entre beleza e assombro.



Carolina Quintela