Obras
O Festim
painting


Data
1972
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
70 x 100,5 cm
A obra multifacetada de Emília Nadal cruza referências da Pop com um lirismo onírico, comentando criticamente a sua contemporaneidade com a ambição de uma perspetiva dilatada do tempo. Em Portugal, a ditadura agonizante do Estado Novo perpetuava uma guerra colonial, recusando-se a reconhecer a inevitabilidade uma nova configuração histórica, situação sentida por Nadal como dramática, face à impossibilidade de conter a destruição que se previa.
Algumas obras que realiza na década de 1970 refletem as inquietações sentidas pela artista e ajudam-nos a aproximar do óleo - O Festim
. O motivo da sereia surgira já numa série de cinco obras em pastel em 1971, intitulada - Da Nova História da Sereia
, na qual o seu corpo apresenta uma progressiva decomposição com claras sugestões alegóricas. De uma viagem à Tunísia, nesse ano, parece ter colhido a inspiração das paisagens de deserto, da arquitetura do Império Romano e dos rebanhos de carneiros, que representará na obra de 1972 - O Encontro
. A passagem do tempo sobre as civilizações, no contínuo de uma reformulação histórica, é enfatizada pela presença de animais, nessa dicotomia entre natureza e cultura. Esta temática adquire nova formulação nos pastéis de 1972 - Arqueologias do Futuro
, ainda que aqui essa reflexão se apresente como uma projeção oracular de um devir: uma Nova Iorque em ruínas, habitada por animais pré´-históricos.
- O Festim
parece dar continuidade narrativa à obra do mesmo ano - O Crepúsculo
, na qual, numa paisagem igualmente onírica, um vampiro está já demasiado próximo da sereia e um rebanho de ovelhas aparentemente inocentes se acerca do par. Na obra - O Festim
a ameaça surge concretizada: as ovelhas devoram o corpo da sereia, numa representação que se desdobra como um eco em diagonal, do primeiro para o último plano. As ruínas arquitetónicas, dramaticamente iluminadas, contrabalançam a representação da sereia e dos seus ecos, acorada pelos cabelos à superfície, mas impassível perante a sua dissolução.
LC
Algumas obras que realiza na década de 1970 refletem as inquietações sentidas pela artista e ajudam-nos a aproximar do óleo - O Festim
. O motivo da sereia surgira já numa série de cinco obras em pastel em 1971, intitulada - Da Nova História da Sereia
, na qual o seu corpo apresenta uma progressiva decomposição com claras sugestões alegóricas. De uma viagem à Tunísia, nesse ano, parece ter colhido a inspiração das paisagens de deserto, da arquitetura do Império Romano e dos rebanhos de carneiros, que representará na obra de 1972 - O Encontro
. A passagem do tempo sobre as civilizações, no contínuo de uma reformulação histórica, é enfatizada pela presença de animais, nessa dicotomia entre natureza e cultura. Esta temática adquire nova formulação nos pastéis de 1972 - Arqueologias do Futuro
, ainda que aqui essa reflexão se apresente como uma projeção oracular de um devir: uma Nova Iorque em ruínas, habitada por animais pré´-históricos.
- O Festim
parece dar continuidade narrativa à obra do mesmo ano - O Crepúsculo
, na qual, numa paisagem igualmente onírica, um vampiro está já demasiado próximo da sereia e um rebanho de ovelhas aparentemente inocentes se acerca do par. Na obra - O Festim
a ameaça surge concretizada: as ovelhas devoram o corpo da sereia, numa representação que se desdobra como um eco em diagonal, do primeiro para o último plano. As ruínas arquitetónicas, dramaticamente iluminadas, contrabalançam a representação da sereia e dos seus ecos, acorada pelos cabelos à superfície, mas impassível perante a sua dissolução.
LC