Obras

Óleo 118

painting
Óleo 118
Óleo 118
© MACAM
Data

1959

Técnica

Óleo sobre tela

Dimensões

97 x 130,5 cm

Em 1959, ano em que Marcelino Vespeira inicia a sua colaboração com a Revista Colóquio Artes (de que, a partir de 1962, assegurará a direção gráfica), o autor pinta esta tela que se inscreve na linha experimental, iniciada em 1954, do abstracionismo geométrico. Como é constante na sua obra, também nesta pintura as cores são fortes e contrastantes, mesmo quando, como neste caso, o autor experimenta áreas cromáticas próximas. É na gradação tonal — que vai abrindo progressivamente para o interior das formas, tornando-as mais volumétricas — que a luz explode. Por seu lado, os vermelhos e laranjas que envolvem essas zonas de luz acendem-se fulgurantes, em formas angulares que criam grande dinamismo compositivo, sublinhando também a apetência do pintor pelo equilíbrio e pela música, em particular pelo flamengo e jazz. A um tempo disciplinada e irreverente, esta pintura capta o olhar do observador pelo rigor das manchas de cor e pela sua confluência e diluição. O movimento que percecionamos nasce simultaneamente dessa transformação tonal, da progressiva abertura dos tons mais escuros a caminho da luz, e do gesto que a instaura, em tiras que misturam linhas retas e curvas, tornando expressivo o trabalho da geometria, a fazer lembrar a “geometria interior” do trabalho de tecedeira da sua mãe, herança que o artista reclamaria até ao fim da vida.
Obra particularmente interessante por integrar uma época de parêntesis formal no surrealismo, a que o artista aderiu em jovem, no início da década de 1940 (integrando a primeira exposição do Grupo Surrealista de Lisboa em 1949) e a cuja gramática regressa por volta de 1970, aqui se constatam outras características constantes, como a sua paleta sensual, de formas voluptuosas e o seu forte sentido da luz.
EF