Obras
Os Mercadores
painting


Data
1959
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
100 X 80,5 cm
Formado na Escola de Belas Artes do Porto em 1945, a obra de Júlio Resende fará uma síntese entre diversas linguagens plásticas: a um expressionismo inicial juntar-se-á a assimilação da construção volumétrica e formal de Cézanne e dos cubistas aprendida em Paris, cidade para onde parte em 1947 com uma bolsa do Instituto de Alta Cultura.
Este sincretismo de linguagens cruzar-se-á com o contexto artístico e político nacional. Na avaliação do próprio artista, a sua partida para Viana do Alentejo em 1949 e o seu regresso à Póvoa de Varzim, em 1952, foram determinantes para a sua reflexão sobre o mundo e para a sua produção. Como revela numa entrevista em 1982, do Alentejo colhe “todo aquele clima de austeridade e de ensimesmamento da paisagem”, “as estruturas da paisagem interior e exterior dos homens”; ao regressar ao norte, volta a ser “um pintor instintivo do Porto”, criando uma pintura mais informal onde “a curva passa a ser a linha dominante”.
Nesta obra de 1959 estão presentes algumas das suas características essenciais: um grande rigor e sobriedade na estruturação da composição, uma tendência para a abstração das formas que se vinha manifestando desde meados da década de 50, um esbatimento dos contornos, uma contenção tonal e uma velatura atmosférica da imagem.
Contemporâneo do debate entre o neo-realismo e a abstração em Portugal, Resende formula a uma resposta plástica muito própria para a situação estética e política do seu país.
Luísa Cardoso
Este sincretismo de linguagens cruzar-se-á com o contexto artístico e político nacional. Na avaliação do próprio artista, a sua partida para Viana do Alentejo em 1949 e o seu regresso à Póvoa de Varzim, em 1952, foram determinantes para a sua reflexão sobre o mundo e para a sua produção. Como revela numa entrevista em 1982, do Alentejo colhe “todo aquele clima de austeridade e de ensimesmamento da paisagem”, “as estruturas da paisagem interior e exterior dos homens”; ao regressar ao norte, volta a ser “um pintor instintivo do Porto”, criando uma pintura mais informal onde “a curva passa a ser a linha dominante”.
Nesta obra de 1959 estão presentes algumas das suas características essenciais: um grande rigor e sobriedade na estruturação da composição, uma tendência para a abstração das formas que se vinha manifestando desde meados da década de 50, um esbatimento dos contornos, uma contenção tonal e uma velatura atmosférica da imagem.
Contemporâneo do debate entre o neo-realismo e a abstração em Portugal, Resende formula a uma resposta plástica muito própria para a situação estética e política do seu país.
Luísa Cardoso