Obras

Os pássaros também gostam de flores

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Os pássaros também gostam de flores
Os pássaros também gostam de flores
© MACAM
Data

c. 1970

Técnica

Papel de lustre e cartão colado sobre cartolina

Dimensões

70 x 100 cm

Rolando de Sá Nogueira inicia a sua carreira artística na década de 1940, num contexto nacional marcado pelo neo-realismo e pelo surrealismo. Começa a expor em 1947 na II Exposição Geral de Artes Plásticas, vindo a realizar a sua primeira exposição individual já na década de 1960.
Ao lirismo da sua produção inicial, sucede na década de 1960 uma linguagem influenciada pela Pop Art, transformação para a qual terá sido determinante a sua estadia em Inglaterra entre 1962 e 1964, com uma bolsa concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. A colagem, a fotografia ou temáticas relacionadas com o quotidiano e com o corpo entram então na sua criação plástica, da qual emerge frequentemente um irónico comentário político e social.
Na obra Os Pássaros Também Gostam de Flores podemos reconhecer algumas afinidades com colagens de artistas seus contemporâneos, nomeadamente com Júlio Pomar e Nikias Skapinakis. Se a importância da cor na estruturação da composição pode derivar de uma lição aprendida da Pop Art, nela parece ressoar a influência mais distante de alguns mestres modernos, como Matisse, que Sá Nogueira conhecia desde os anos 40 através de ilustrações em livros. Jogando com dicotomias como fundo/figura e figuração/abstração, o artista sobrepõe um fundo verde ao branco do papel, sobre o qual dispõe, num animado movimento convergente para o centro, as suas formas recortadas: formas brancas, pretas, verdes, castanhas e ocre sobrepõem-se ritmicamente, iludindo o que é forma e o que é fundo; se nalgumas podemos adivinhar um referente (como a flor castanha na margem inferior ou a cabeça branca na margem esquerda), a maioria é claramente abstrata. A obra, tal como o seu título, funde lirismo poético e ironia numa alegre jovialidade.
LC