Obras
Paisagem Nº77
painting


Data
2014
Técnica
Acrílico e óleo sobre tela
Dimensões
150 x 280 cm
“O Mundo é o que se vê de onde se está”. A afirmação do geógrafo conceptual brasileiro Milton Santos tornou-se um leitmotiv da abordagem à pintura de Lucia Laguna. A observação direta está precisamente no cerne do estilo arquitetural e exuberante de Laguna. Do seu atelier em Mangueira, um subúrbio vizinho do Rio de Janeiro, as janelas são pontos de vista magnéticos sobre a paisagem em redor, com os seus edifícios, construções em aço, casas e favelas.
Enquanto autodidata e não tendo chegado à pintura muito cedo, Laguna desenvolveu progressivamente um processo criativo específico que envolve sucessivas camadas de óleos e acrílicos. Preparada numa primeira fase com acrílico por assistente, a tela está pronta para as suas várias intervenções usando tintas a óleo. Saturando a superfície com alternância de motivos geométricos e figurativos, ela recupera então porções selecionadas da pintura seca com largas tiras. Nessa fase, aplica entusiasticamente novas camadas de cores lisas com espátulas, sobrepondo assim as partes não cobertas. Enquanto remove as tiras, descobre o resultado final com a sua dinâmica entre o que foi pintado de novo e as partes intocadas. Ao integrar a aleatoriedade, todo o processo tende a enfatizar a abstração.
Elementos arquiteturais e urbanos são reconhecíveis como a fábrica em primeiro plano, postes e torres elétricas, vigas e cabos, casas e janelas sobre a compacta e densamente construída paisagem. Este cenário urbanizado é veiculado por manchas de cor e linhas de diferentes tamanhos e larguras que se estendem em todas as direções. A palete é contrastada com verde, cinzento e azul, toques de cor de rosa, vermelho, violeta e laranja e as grandes secções lisas na parte superior em salmão-creme e azul esbranquiçado.
Liberta de qualquer mote representacional que pediria rigor, exatidão e precisão, Laguna exprime os seus pontos de vista pessoais e a experiência do mundo através de composições ancoradas na realidade. Assim, as componentes de improvisação, de palimpsesto e de acaso abrem dimensões mnemónicas e oníricas.
Katherine Sirois
Enquanto autodidata e não tendo chegado à pintura muito cedo, Laguna desenvolveu progressivamente um processo criativo específico que envolve sucessivas camadas de óleos e acrílicos. Preparada numa primeira fase com acrílico por assistente, a tela está pronta para as suas várias intervenções usando tintas a óleo. Saturando a superfície com alternância de motivos geométricos e figurativos, ela recupera então porções selecionadas da pintura seca com largas tiras. Nessa fase, aplica entusiasticamente novas camadas de cores lisas com espátulas, sobrepondo assim as partes não cobertas. Enquanto remove as tiras, descobre o resultado final com a sua dinâmica entre o que foi pintado de novo e as partes intocadas. Ao integrar a aleatoriedade, todo o processo tende a enfatizar a abstração.
Elementos arquiteturais e urbanos são reconhecíveis como a fábrica em primeiro plano, postes e torres elétricas, vigas e cabos, casas e janelas sobre a compacta e densamente construída paisagem. Este cenário urbanizado é veiculado por manchas de cor e linhas de diferentes tamanhos e larguras que se estendem em todas as direções. A palete é contrastada com verde, cinzento e azul, toques de cor de rosa, vermelho, violeta e laranja e as grandes secções lisas na parte superior em salmão-creme e azul esbranquiçado.
Liberta de qualquer mote representacional que pediria rigor, exatidão e precisão, Laguna exprime os seus pontos de vista pessoais e a experiência do mundo através de composições ancoradas na realidade. Assim, as componentes de improvisação, de palimpsesto e de acaso abrem dimensões mnemónicas e oníricas.
Katherine Sirois