Obras

Ressonância 7.84

installation
Ressonância 7.84
Ressonância 7.84
© MACAM/Vasco Stocker Vilhena
Data

2009

Técnica

Esfera em resina de poliéster (diâmetro 80 cm), monitor áudio, C946 Club Of Knobs (oscilador eletrónico sub audio desenvolvido por Kazike), amplificador, rede de nylon, mala de alumínio, látex, estetoscópio

Dimensões

Dimensões variáveis

Esta esfera translúcida vibra numa das frequências da cintura eletromagnética do planeta Terra provocadas por uma atividade elétrica permanente entre a superfície terrestre e a ionosfera. Parte desta excitação são ondas quase estacionárias conhecidas como ressonâncias Schumann. Winfried Otto Schumann (1888-1974) previu a existência destas ressonâncias inaudíveis em 1952. Pulsam com uma frequência na ordem dos 7,83 Hz. Mais tarde, Herbert Konig demonstrou a existência de uma relação inequívoca entre a ressonância Schumann e a atividade elétrica do cérebro humano, comparando os registos de eletroencefalogramas (EEG) com os campos eletromagnéticos naturais do ambiente (1979). Descobriu então que a frequência principal produzida pelas oscilações de Schumann é extremamente próxima da frequência dos ritmos alfa no cérebro humano. O que o gerador C946 Club Of Knobs embebido na escultura de Carlos Heinrich obtém, é, precisamente, uma das frequências da tempestade elétrica que ocorre na cavidade existente entre a superfície da Terra e as camadas inferiores da ionosfera: 7,84 Hz. Não podemos ouvir esta vibração da matéria, mesmo usando o estetoscópio que integra a obra, dada a sua extrema baixa frequência (ELF), mas podemos ver, ao aproximar-nos da esfera pregnante, o que este 'som' inaudível faz à membrana de um - subwoofer
no interior desta espécie de útero de Gaia. Este exercício heurístico, na sua misteriosa frustração abre, porém, a nossa visão interior para a metáfora poderosa desta obra, não apenas sobre a "zona crítica" (Latour B., 2014) do planeta, onde tudo se ganha, perde, e volta a ganhar, enquanto houver vida, mas ainda sobre o âmago da Terra onde, no seu coração, ardem o ferro e o níquel que geram o magnetismo e o vulcanismo necessários à própria emergência da vida.



António Cerveira Pinto