Obras
Sem título
painting


Data
1953
Técnica
Óleo sobre platex
Dimensões
- 37 x 64,5 cm50,3 x 78 cm
Arquiteto, pintor e fotógrafo, Carlos Calvet começou a expor em 1949 com o grupo Os Surrealistas. A sua produção inicial surrealizante, demarcável até 1955, denota o seu interesse pelo cubismo sintético e pela pintura metafísica italiana de Giorgio de Chirico e de Carlo Carrá. Nos anos 60 a sua pintura evoluirá para uma linguagem pop onírica e metafísica.
Produzida na fase inicial do seu percurso, esta obra de Calvet parece já anunciar algumas das premissas que explorará de futuro. Aparentemente, o artista oferece-nos uma paisagem marítima. Sobre um fundo relativamente uniforme, constrói sucessivos níveis de profundidade — umas ondas em último plano assemelhando-se a montanhas, a rebentação das ondas em segundo plano, e um primeiro plano composto pelo que parece um promontório, com umas abstratas edificações e um esqueleto de árvore. Nota-se igualmente uma apetência por perspetivas dramáticas: emoldurando a composição pelos volumes terrosos e vermelhos que dispõe no canto direito da imagem, sendo, a partir daí, o olhar conduzido pela diagonal ondulante formada pela espuma branca da onda. Embora simule a volumetria recorrendo ao sombreado, nota-se já uma tendência para a aplicação simplificada e uniforme das cores. Para tal talvez não seja alheia a influência das estratégias compositivas das gravuras japonesas, como parece sugerir o recorte da crista branca da onda.
Calvet consegue, deste modo, um equilíbrio entre o estatismo e o dinamismo da composição, seja pela modulação das formas, seja pelos contrastes harmonizados de cores: a convulsão do mar é contrabalançada pelo plano estabilizador da terra; os tons quentes terrosos e vermelhos contrastam com os frios azuis e brancos do mar; o olhar serpenteia a imagem seguindo a distribuição do branco, que ilumina e dinamiza a obra.
O tratamento onírico desta paisagem imaginada parece sugerir a ponte entre as origens surrealistas de Calvet e as suas futuras cenografias de uma pop metafísica.
Luisa Cardoso
Produzida na fase inicial do seu percurso, esta obra de Calvet parece já anunciar algumas das premissas que explorará de futuro. Aparentemente, o artista oferece-nos uma paisagem marítima. Sobre um fundo relativamente uniforme, constrói sucessivos níveis de profundidade — umas ondas em último plano assemelhando-se a montanhas, a rebentação das ondas em segundo plano, e um primeiro plano composto pelo que parece um promontório, com umas abstratas edificações e um esqueleto de árvore. Nota-se igualmente uma apetência por perspetivas dramáticas: emoldurando a composição pelos volumes terrosos e vermelhos que dispõe no canto direito da imagem, sendo, a partir daí, o olhar conduzido pela diagonal ondulante formada pela espuma branca da onda. Embora simule a volumetria recorrendo ao sombreado, nota-se já uma tendência para a aplicação simplificada e uniforme das cores. Para tal talvez não seja alheia a influência das estratégias compositivas das gravuras japonesas, como parece sugerir o recorte da crista branca da onda.
Calvet consegue, deste modo, um equilíbrio entre o estatismo e o dinamismo da composição, seja pela modulação das formas, seja pelos contrastes harmonizados de cores: a convulsão do mar é contrabalançada pelo plano estabilizador da terra; os tons quentes terrosos e vermelhos contrastam com os frios azuis e brancos do mar; o olhar serpenteia a imagem seguindo a distribuição do branco, que ilumina e dinamiza a obra.
O tratamento onírico desta paisagem imaginada parece sugerir a ponte entre as origens surrealistas de Calvet e as suas futuras cenografias de uma pop metafísica.
Luisa Cardoso