Obras
Sem título
painting


Data
1939
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
66 x 54 cm
Um dos introdutores do surrealismo em Portugal, António Pedro, poeta, jornalista e fundador de jornais, começara a dedicar-se às artes plásticas em 1934. Uma das primeiras obras do movimento surrealista português, esta pintura integra uma linha que António Pedro explorava pelo menos desde 1936.
Uma figura, mais sugerida do que claramente delineada, pousa, como no abandono de um sonho, sobre uma estrutura que evoca uma coluna com capitel jónico. A paleta vibrante, de vermelhos, laranjas e ocres, as formas redondas e salpicadas de luz (nos pontos doirados espalhados sobre a massa mais ígnea da composição) compõe as formas em recortes, como corpos autónomos, de natureza indefinida. A leitura de uma figura humana é sugerida pelo contorno de um perfil e pela mão descaída, abandonada sobre a coluna. A cabeça, simplesmente insinuada, de rosto pálido, lunar, sem olhos, evolui para um laranja profundo e volumétrico de identidade imprecisa.
Do outro lado desse recorte, outras formas tomam corpo, numa complementaridade que António Pedro já usara em obras anteriores, convidando o observador à rêverie.
A vibração da cor e o movimento ondulante contrastam vivamente com o único elemento ereto e de cor neutra, constituído pela coluna. A marcação de linhas que insinuam as marcas do tempo sobre a pedra, bem como a diluição da coluna com o fundo, inspiram uma impressão de irrealidade, em que o conceito de tempo se torna difuso e as sensações de fluidez espacial remetem para o universo dos sonhos, na sua intangível relação entre tempo e espaço.
EF
Uma figura, mais sugerida do que claramente delineada, pousa, como no abandono de um sonho, sobre uma estrutura que evoca uma coluna com capitel jónico. A paleta vibrante, de vermelhos, laranjas e ocres, as formas redondas e salpicadas de luz (nos pontos doirados espalhados sobre a massa mais ígnea da composição) compõe as formas em recortes, como corpos autónomos, de natureza indefinida. A leitura de uma figura humana é sugerida pelo contorno de um perfil e pela mão descaída, abandonada sobre a coluna. A cabeça, simplesmente insinuada, de rosto pálido, lunar, sem olhos, evolui para um laranja profundo e volumétrico de identidade imprecisa.
Do outro lado desse recorte, outras formas tomam corpo, numa complementaridade que António Pedro já usara em obras anteriores, convidando o observador à rêverie.
A vibração da cor e o movimento ondulante contrastam vivamente com o único elemento ereto e de cor neutra, constituído pela coluna. A marcação de linhas que insinuam as marcas do tempo sobre a pedra, bem como a diluição da coluna com o fundo, inspiram uma impressão de irrealidade, em que o conceito de tempo se torna difuso e as sensações de fluidez espacial remetem para o universo dos sonhos, na sua intangível relação entre tempo e espaço.
EF