Star Field é uma pintura de grandes dimensões que surge na continuação de uma investigação que Rui Toscano tem vindo a desenvolver e que teve o seu início com a exposição The Great Curve, no Espaço Chiado 8, em 2009. A investigação prende-se na procura de significados à perceção do espaço cósmico e do fascínio pela sua imensidão que, há já milhares de anos, tem levado o Homem a querer explorá-lo. Num primeiro olhar a obra apresenta-se monocromática e abstratizante, revelando depois o que pode ser a observação de um céu estrelado, resultado de uma composição pictórica de pontos e círculos (recorrências a possíveis nebulosas e constelações) de cores branco, azul e cinzento, que surgem luminosos e vibrantes sobre a negritude do fundo, entre ficção e a realidade. Deste modo, à bidimensionalidade da obra, pelo contraste e planos criados, é concedida uma consequente sensação de profundidade. Essa experiência ótica origina no espectador a sensação de vertigem e inquietude perante o que é retratado como infinito, misterioso, imensurável e esmagador. Star Field é a representação subjetiva do Universo como paisagem que se encontra entre o figurativo e o abstrato, o visível e o invisível, na procura de uma maior complexidade e multiplicidade de interpretações. 

Com a passagem do tempo, os elementos estelares, expandem, arrefecem e mudam de cor e pela enorme distância a que se encontram da Terra, quando observados, podem já se ter extinguido ou transformado num outro corpo celeste. Deste modo, a perceção do tempo linear nesta pintura é também passível de questionamento, uma vez que olhar as estrelas pode ser também olhar o passado.

 

Carolina Quintela