Ângelo de Sousa (Moçambique, 1938 - Porto, 2011) muda-se para o Porto aos dezassete anos, beneficiando de uma bolsa de Lourenço Marques para estudar belas artes. Assim, completa o curso de Pintura na Escola de Belas Artes do Porto, entre 1955 e 1963, instituição na qual leciona durante mais de três décadas e da qual seria o primeiro professor catedrático. Termina o curso com a classificação final de vinte valores, assim como os seus colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues, juntos formariam o grupo “Os Quatro Vintes”, cuja acção, compreendida entre os anos 1968 e 1972, funcionou essencialmente como uma estratégia de difusão organizada das suas produções. Em 1964, os quatro membros fundaram ainda a Cooperativa Árvore. Em 1959, a sua primeira exposição de pintura tem lugar na Galeria Divulgação, no Porto, sendo as suas obras apresentadas juntamente com as de Almada Negreiros. Na década seguinte, dá início à sua produção escultórica, trabalhando numa primeira fase o acrílico e, posteriormente, o ferro, o aço e o alumínio, entre outros materiais. A sua produção artística estender-se-ia ainda à fotografia, à cinematografia, à cenografia, à figuração e à ilustração de livros. Esta actividade multifacetada reflete a característica essencial da sua obra que, mais do que a definição de um estilo próprio, procura constantemente a experimentação de novos meios e técnicas. Na sua obra pictórica, integrada no âmbito do minimalismo, explorou essencialmente as potencialidades da cor e dos seus matizes. Entre 1967 e 1968, enriquece a sua aprendizagem em Londres, onde frequentou a St. Martin’s School of Art e a Slade School of Fine Art, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council. Regressado a Portugal, recebe, em 1972, menção honrosa do Prémio AICA/SOQUIL e, em 1975, é premiado na XIII Bienal de São Paulo. Foi ainda distinguido com o Prémio de Pintura na III Exposição de Artes Plásticas da Gulbenkian, em 1986, e o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, em 2007. A sua obra foi alvo de diversas exposições retrospectivas, nomeadamente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves e na Fundação Calouste Gulbenkian. Encontra-se representado nas principais coleções nacionais e algumas coleções no estrangeiro.
FMV, outubro 2020
FMV, outubro 2020