Jorge Martins (Lisboa, 1940) estudou pintura e arquitetura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, tendo desenvolvido ainda a técnica da gravura, a partir de 1958, na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Partilhou atelier com o pintor José Escada até 1960, ano da sua primeira exposição individual na Galeria Gravura, em Lisboa. Em 1961, o panorama político social português, marcado pelo início da guerra colonial em Angola, justificaria a sua partida para Paris, onde viveu e trabalhou até 1991. Na capital francesa convive com Júlio Pomar, Arpad Szenes, Manuel Baptista, Vieira da Silva e com o grupo KWY. Não se afasta totalmente do meio artístico português, sendo que em 1969 recebeu menções honrosas nas exposições Mobil e Soquil em Lisboa. De Paris viajou para Nova Iorque, onde estabeleceu atelier entre 1975 e 1976, e fomentou uma das pesquisas mais centrais na sua obra: modos de reproduzir a luz e as suas manifestações no espaço. Posteriormente, alarga o espectro de possibilidades da sua pintura, explorando a representação da figura humana e da cor, incorporando por vezes palavras, sendo que a sua obra ficaria marcada por uma constante dicotomia entre a figuração e a abstração. No âmbito da ilustração, à qual se dedicou em paralelo com a pintura, receberia em 1984 o Prémio Gulbenkian de Ilustração de Literatura Infantil pelo Livro das Sete Cores. Em 1985, foi um dos representantes de Portugal na 18ª Bienal Internacional de São Paulo e, no ano seguinte, começa a colaborar com a Galeria Valentim de Carvalho, dividindo a sua atividade entre Lisboa e Paris. Demonstrativos do reconhecimento que a sua obra alcançou são ainda o Prémio AICA, que recebeu em 1971 e 1988, o Prémio de Desenho da III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1986, e o Prémio CELPA da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva de Consagração, em 2003. Após o seu regresso definitivo a Portugal em 1991, é uma figura ativa do meio artístico português. Contudo, continua a realizar diversas exposições individuais no estrangeiro, nomeadamente, em Bruxelas (1988) e em Paris (1989, 1990 e 1991). A sua obra encontra-se presente em várias coleções em Portugal e no estrangeiro.
FMV, outubro 2020
FMV, outubro 2020