Júlio dos Reis Pereira

Júlio dos Reis Pereira (Vila do Conde, 1902 – Vila do Conde, 1983), de pseudónimo Julio no campo das artes visuais, e Saúl Dias no literário, licenciou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, frequentanto, paralelamente, a Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) durante dois anos. Em 1930, apresenta a sua obra pela primeira vez no Salão dos Independentes, e, quatro anos depois, realiza a sua primeira exposição individual, na Sociedade Nacional de Belas Artes. A partir deste ponto, expõe individualmente com regularidade, nomeadamente, na Galeria UP (1938), na Galeria Buchholz (1944), na Galeria Pórtico (1955), na Galeria Diário de Notícias (1959 e 1964), entre outras. Pintor da segunda geração do modernismo em Portugal, apesar de ter frequentado a ESBAP, demonstra um posicionamento vincadamente antiacademista, priveligiando uma liberdade total, que, na sua obra, se traduz a par de uma expressividade lírica. A partir de 1935, dedicando-se apenas ao desenho, inicia uma época de produção de grandes séries, marcadas, de um modo geral, pela ausência da cor e pela simplicidade do traço. Retoma a pintura, em 1972, assim como a estética que a acompanhava nos primeiros anos, cruzando um olhar caricatural com uma dimensão onírica, que se relfete nas personagens-tipo da sociedade urbana que retrata. Entre 1927 e 1940, colabora na revista Presença. Realiza ainda ilustrações para as obras do irmão José Maria dos Reis Pereira (de pseudónimo José Régio), nomeadamente, a capa do seu primeiro livro. Como escritor, é autor de seis livros publicados, sendo que Obra Poética (1967) receberia o Prémio da Crítica, em 1980. Marcos na sua carreira incluem ainda a participação na II Bienal de São Paulo, em 1953, na EXPO AICA SNBA, em 1972, e o primeiro prémio de desenho, que recebe no IV Salão de Outono do Estoril. Em 2016, em Vila do Conde, é inaugurada a Galeria Julio e o Centro de Estudos Julio/Saúl Dias, onde se encontra a sua grande coleção de cerâmica do Redondo, além de parte da sua obra, também presente em outras coleções nacionais. 
 
FMV, outubro 2020