Obras
Blind Image #90 [Imagem Cega #90]
painting
![Blind Image #90 [Imagem Cega #90]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3036_w840.jpg)
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Data
2004
Técnica
Acrílico sobre tela, esmalte e plexiglass
Dimensões
200 x 300 cm
- Blind Image #90
pertence à emblemática série de “imagens ausentes” que João Louro tem vindo a desenvolver desde 2001. Ao se aperceber da entropia que resulta do excesso de imagens na atualidade, o artista cria composições silenciosas e monocromáticas que convocam referências do cinema e da literatura na reflexão sobre o tempo e a literacia visual no mundo contemporâneo. Não só reporta para um imaginário icónico como o subverte no que parece ser uma revisão do nosso universo visual, ao convocar o que é invisível numa imagem e o que vive latente nela, ativado também através da narrativa textual que a acompanha.
O texto que surge na zona inferior da obra, - “She sat on my chest, pinning my shoulders down with her knees. When I attempted to budge, she pressed a clenched fist against my lips while her other hand went to work on my belt buckle.”
[Ela sentou-se no meu peito, prendendo os meus ombros com os joelhos. Quando tentei mexer-me, ela pressionou um punho cerrado contra os meus lábios enquanto a sua outra mão trabalhava na fivela do meu cinto.] e que, pela composição, se assemelha a uma legenda de um filme, refere-se ao mundialmente conhecido romance - Lolita
do escritor russo-americano Vladimir Nabokov, adaptado ao cinema em 1962 por Stanley Kubrick e, novamente em 1997 por Adrian Lyne.
A sugestividade erótica da frase surge em paradoxo à ausência de imagem. A superfície, de grandes dimensões em - plexiglass
branco, reflete e devolve o olhar do espectador sendo, deste modo, imprescindível a sua presença para ativar a obra. Esta superfície, aparentemente vazia, torna-se num lugar de possibilidades, presente na tensão entre o visível e o invisível, na sugestão de imagem através das palavras. Revela-se simultânea e essencialmente como um espelho, que permite ao espectador ver-se retratado tornando esta provocação parte do seu sentido, ou seja, o espectador é o criador mental da imagem desaparecida.
João Louro, artista descendente da arte conceptual e minimal, cria abertura a inúmeras ressignificações sobre a reflexão em torno da linguagem e o valor das imagens através de referências pessoais em constante actualização.
Carolina Quintela
pertence à emblemática série de “imagens ausentes” que João Louro tem vindo a desenvolver desde 2001. Ao se aperceber da entropia que resulta do excesso de imagens na atualidade, o artista cria composições silenciosas e monocromáticas que convocam referências do cinema e da literatura na reflexão sobre o tempo e a literacia visual no mundo contemporâneo. Não só reporta para um imaginário icónico como o subverte no que parece ser uma revisão do nosso universo visual, ao convocar o que é invisível numa imagem e o que vive latente nela, ativado também através da narrativa textual que a acompanha.
O texto que surge na zona inferior da obra, - “She sat on my chest, pinning my shoulders down with her knees. When I attempted to budge, she pressed a clenched fist against my lips while her other hand went to work on my belt buckle.”
[Ela sentou-se no meu peito, prendendo os meus ombros com os joelhos. Quando tentei mexer-me, ela pressionou um punho cerrado contra os meus lábios enquanto a sua outra mão trabalhava na fivela do meu cinto.] e que, pela composição, se assemelha a uma legenda de um filme, refere-se ao mundialmente conhecido romance - Lolita
do escritor russo-americano Vladimir Nabokov, adaptado ao cinema em 1962 por Stanley Kubrick e, novamente em 1997 por Adrian Lyne.
A sugestividade erótica da frase surge em paradoxo à ausência de imagem. A superfície, de grandes dimensões em - plexiglass
branco, reflete e devolve o olhar do espectador sendo, deste modo, imprescindível a sua presença para ativar a obra. Esta superfície, aparentemente vazia, torna-se num lugar de possibilidades, presente na tensão entre o visível e o invisível, na sugestão de imagem através das palavras. Revela-se simultânea e essencialmente como um espelho, que permite ao espectador ver-se retratado tornando esta provocação parte do seu sentido, ou seja, o espectador é o criador mental da imagem desaparecida.
João Louro, artista descendente da arte conceptual e minimal, cria abertura a inúmeras ressignificações sobre a reflexão em torno da linguagem e o valor das imagens através de referências pessoais em constante actualização.
Carolina Quintela