Obras
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Data
1972
Técnica
Aguarela e tinta da China sobre papel
Dimensões
42 x 56,5 cm
Eduardo Batarda começa o seu percurso nos anos de 1960, integrando uma geração para a qual os referentes britânicos e norte-americanos serão preponderantes. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Londres entre 1971 e 1974, a sua obra revela afinidades com a nova figuração, com a pop inglesa e com clássicos da banda desenhada, num irónico comentário à situação política e artística.
Realizada nesses anos de aprendizagem em Londres, Batarda estrutura a composição de - Detail
em três zonas horizontais, por sua vez cindidas verticalmente. Sobre esta quadrícula reminiscente do esquema compositivo da BD, Batarda dispõe as suas figuras e objetos, mais ou menos identificáveis, com um humor subtil e sarcástico: nada inócuo, antes feroz e corrosivo. A composição é dominada pelas duas figuras centrais: a figura de barrete verde, num plano mais elevado, de olhos esbugalhados, empunhando um revólver, enquanto parece apanhado pela surpresa de uma queda, sendo penetrado pela figura em aparente plano inferior; esta encara o espectador com o seu olhar e rasgado sorriso malicioso, em aparente contentamento de uma qualquer desforra. A apontar para uma possível identificação da personagem, as botas, a barba e um - keffieyeh
, o tradicional lenço usado por homens do Médio Oriente. A reforçar esta direção interpretativa, um pequeno apontamento a negro na lateralidade esquerda da composição: uma pequena paisagem de deserto. A figura principal parece colhida na surpresa de um ataque, não só pela penetração, como pelos projéteis que voam na sua direcção e pelo sangue que salta entre as suas pernas femininas.
A que alude Batarda na cena principal? Ao conflito israelo-árabe? É na ambiguidade que permanecemos, mas Batarda conta com a nossa cumplicidade para lermos a convencionalidade reelaborada dos signos e assim progressivamente desvelarmos a sua obra.
Luísa Cardoso
Realizada nesses anos de aprendizagem em Londres, Batarda estrutura a composição de - Detail
em três zonas horizontais, por sua vez cindidas verticalmente. Sobre esta quadrícula reminiscente do esquema compositivo da BD, Batarda dispõe as suas figuras e objetos, mais ou menos identificáveis, com um humor subtil e sarcástico: nada inócuo, antes feroz e corrosivo. A composição é dominada pelas duas figuras centrais: a figura de barrete verde, num plano mais elevado, de olhos esbugalhados, empunhando um revólver, enquanto parece apanhado pela surpresa de uma queda, sendo penetrado pela figura em aparente plano inferior; esta encara o espectador com o seu olhar e rasgado sorriso malicioso, em aparente contentamento de uma qualquer desforra. A apontar para uma possível identificação da personagem, as botas, a barba e um - keffieyeh
, o tradicional lenço usado por homens do Médio Oriente. A reforçar esta direção interpretativa, um pequeno apontamento a negro na lateralidade esquerda da composição: uma pequena paisagem de deserto. A figura principal parece colhida na surpresa de um ataque, não só pela penetração, como pelos projéteis que voam na sua direcção e pelo sangue que salta entre as suas pernas femininas.
A que alude Batarda na cena principal? Ao conflito israelo-árabe? É na ambiguidade que permanecemos, mas Batarda conta com a nossa cumplicidade para lermos a convencionalidade reelaborada dos signos e assim progressivamente desvelarmos a sua obra.
Luísa Cardoso