Artistas
Eduardo Batarda
Eduardo Batarda (Coimbra, 1943) frequentou em Coimbra o curso de Medicina, do qual desistiu. Mudou-se para Lisboa em 1963, e ingressou na Escola Superior de Belas Artes, onde estudou até 1968. Realizou nesse ano a sua primeira exposição individual na Galeria Quadrante. Numa primeira fase, na sua obra, narrativa, na qual trabalha o óleo e o acrílico, é comum a divisão da composição ao modo da banda desenhada, assim como o recurso às técnicas das artes gráficas. Após concluir o serviço militar, em 1917, recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e vai para Londres estudar no Royal College of Art, até 1974. Aqui desenvolveu de modo notável a técnica da aguarela e alargou as referências na sua obra. Absorveu a cultura pop e a figuração dos underground comics americanos, aumentou o detalhe e repertório temático das suas composições, por vezes de explícita natureza sexual, revestindo a sua obra de alusões literárias e de uma constante conotação crítica, à arte e à política. Entre 1976 e 2008, foi professor na Escola de Belas Artes do Porto, onde, além de Lisboa, também expôs regularmente. A década de 80, marca o início de uma nova fase na sua obra, na qual o propósito de comentário se torna menos evidente. Adota uma paleta de cores mais sóbrias, que gradualmente evoluiu para uma preferência pelo negro, registada também na década de 90. A partir de 2000, a sua obra caracteriza-se pelo contraste entre a cor sólida do fundo e a das formas que cria, gerando composições dinâmicas. Posto isto, prevalece a ambivalência de significados e de leituras possíveis, uma qualidade distintiva em toda a sua obra. Foram organizadas diversas exposições retrospetivas da sua obra, nomeadamente, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 1975 e 1998) e no Museu Serralves (Porto, 2011-2012). O seu trabalho foi também distinguido em várias ocasiões, destacando-se o Grande Prémio EDP Arte, em 2007, e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, em 2019.
FMV, maio 2020
FMV, maio 2020