Obras
JT3
painting


Data
1982
Técnica
Técnica mista sobre tela
Dimensões
97 x 146 cm
Sobre um fundo de um cinzento opaco, mas luminoso, pela progressiva abertura em branco na metade superior esquerda da tela, camadas sucessivas de riscos negros, cinzas e vermelhos avançam pela composição. Despontando e acumulando-se, potenciam-se e apagam-se mutuamente. À direita da composição, organizada horizontalmente como se fora uma paisagem, uma impactante esfera vermelha, composta por uma sucessão de traços oblíquos e atravessada por reminiscências de um gráfico, de uma estrutura rarefeita de quadrícula e de notações escritas ilegíveis, tenta emergir do fundo, como gigantesca bola de fogo atravessando um espesso nevoeiro.
A crescente e expressiva sedimentação de camadas da pintura, operada na obra de António Sena durante a década de 1980, evoca a um tempo a tenacidade e humildade de uma prática visual que assume como processo um método de aparente tentativa/erro. Apagando o passado (as primeiras camadas) com as tentativas do presente, remete, nesse exercício de contínuo devir operado pelas sucessivas velaturas (camadas de cor transparente), consecutivamente riscadas. António Sena cria, assim, resultados visuais complexos que conferem profundidade de campo à superfície da tela. Composição sensível, mas indecifrável, a sua pintura funciona como metáfora perfeita para a nossa tentativa vã de captação do sentido da vida.
Sinais matemáticos, vestígios de letras fazem-nos pensar em ensaios ou buscas de significado continuamente apagadas pela voragem do tempo. Sena iniciou nestes anos essa evocação da escrita como desenho, da caligrafia como elemento pictográfico, mas não no-la ofereceu para tornar a composição mais decifrável. Antes guardará sempre o mistério, aliado a um intenso e expressivo prazer visual oferecido pela rapidez do traço e pela vibração da cor. O título JT3 retira as duas consoantes da palavra inglesa joint, porém, e como sempre na sua obra, não pretende evocar nenhum significado concreto, antes “batismos pessoais” — como afirma o próprio artista.
EF
A crescente e expressiva sedimentação de camadas da pintura, operada na obra de António Sena durante a década de 1980, evoca a um tempo a tenacidade e humildade de uma prática visual que assume como processo um método de aparente tentativa/erro. Apagando o passado (as primeiras camadas) com as tentativas do presente, remete, nesse exercício de contínuo devir operado pelas sucessivas velaturas (camadas de cor transparente), consecutivamente riscadas. António Sena cria, assim, resultados visuais complexos que conferem profundidade de campo à superfície da tela. Composição sensível, mas indecifrável, a sua pintura funciona como metáfora perfeita para a nossa tentativa vã de captação do sentido da vida.
Sinais matemáticos, vestígios de letras fazem-nos pensar em ensaios ou buscas de significado continuamente apagadas pela voragem do tempo. Sena iniciou nestes anos essa evocação da escrita como desenho, da caligrafia como elemento pictográfico, mas não no-la ofereceu para tornar a composição mais decifrável. Antes guardará sempre o mistério, aliado a um intenso e expressivo prazer visual oferecido pela rapidez do traço e pela vibração da cor. O título JT3 retira as duas consoantes da palavra inglesa joint, porém, e como sempre na sua obra, não pretende evocar nenhum significado concreto, antes “batismos pessoais” — como afirma o próprio artista.
EF