Obras
Lanzarote
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Data
1996
Técnica
Técnica mista sobre papel
Dimensões
132 x 121,5 cm
A memória dos lugares surge frequentemente no trabalho de Pedro Cabrita Reis. A intensa vivência de uma paisagem, um pormenor de uma igreja, uma rua perfumada pelos aromas da tarde, uma cidade, e a lembrança pessoal dessa experiência, podem constituir o ponto de partida para a construção de um “modelo ficcional” que visa “agarrar” essa vivência que o tempo acaba por diluir. Para Cabrita, a arte é indissociável da vida, e é nesse território que este trabalho se inscreve, invocando a memória de um tempo passado.
Através de um jogo de manchas e transparências, mas também da sugestão de um figurativo dissipado pela abstração, a composição situada algures entre o desenho e a pintura faz ressaltar o cromatismo, no qual o negro parece encarnar metaforicamente a lava calcinada da paisagem de Lanzarote, a par das tonalidades de azul e dourado, que nos remetem para outros elementos da mesma paisagem. Opera-se, assim, uma “deslocação de sentido” para esse outro patamar que medeia entre a lembrança e o esquecimento. O tempo e o sentimento de perda que lhe é inerente encontram refúgio e resistência na obra de arte como suave evocação de um olhar que, a partir da imagem, acolhe o eco de um pensamento sobre o mundo.
JCP
Através de um jogo de manchas e transparências, mas também da sugestão de um figurativo dissipado pela abstração, a composição situada algures entre o desenho e a pintura faz ressaltar o cromatismo, no qual o negro parece encarnar metaforicamente a lava calcinada da paisagem de Lanzarote, a par das tonalidades de azul e dourado, que nos remetem para outros elementos da mesma paisagem. Opera-se, assim, uma “deslocação de sentido” para esse outro patamar que medeia entre a lembrança e o esquecimento. O tempo e o sentimento de perda que lhe é inerente encontram refúgio e resistência na obra de arte como suave evocação de um olhar que, a partir da imagem, acolhe o eco de um pensamento sobre o mundo.
JCP