Obras
Le Retour d'Adonis [O Retorno de Adónis]
painting
![Le Retour d'Adonis [O Retorno de Adónis]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3983_w840.jpg)
![Le Retour d'Adonis [O Retorno de Adónis]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3983_w840.jpg)
Data
1972
Técnica
Óleo sobre platex
Dimensões
83 x 68 cm
Manuel Cargaleiro (1928) faz a sua incursão nas artes visuais através da cerâmica, quando em 1945 começa a aprender como trabalhar este suporte. Apenas na década seguinte começa a expor pintura, considerando a partir de então a sua atividade como ceramista e como pintor indestrinçável. Uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian atribuída em 1958 permite-lhe aprofundar os seus estudos em Paris, cidade cuja influência será indelével na sua produção artística através das afinidades que a partir de então estabelece com a abstração da Escola de Paris, partilhando afinidades com Vieira da Silva e Roger Bissière.
A obra - Le Retour d'Adonis
revela esse duplo quadro de referências de Cargaleiro. Por um lado, as reverberações lumínicas do azulejo e da cerâmica, que encontram tradução na estruturação geométrica da obra e nas suas estratégias de iluminação. Por outro lado, uma certa abstração geométrica e lírica da Escola de Paris, que parece ressoar na estratégica global de estruturação do espaço da obra. Com efeito, Cargaleiro afirma: “o desenho para mim é fundamental, porque a estrutura tem de estar presente, para depois desaparecer, ficando uma espécie de poema...”. De facto, Cargaleiro estrutura o espaço recorrendo a uma grelha ortogonal, que ora se manifesta em unidades quadrangulares, ora numa serialidade de pontos coloridos. Porém, a presença dessa estrutura é dissolvida através de espaços que o autor abre, fazendo desaparecer o esquema dessa ordenação.
A alegre abertura cromática, a profusa iluminação com os seus brancos, o ritmo das partículas que aparecem para logo de seguida se diluírem e a vibração resultante da paciente repetição de gestos concorrem para a frequentemente referida musicalidade da obra de Cargaleiro.
Luísa Cardoso
A obra - Le Retour d'Adonis
revela esse duplo quadro de referências de Cargaleiro. Por um lado, as reverberações lumínicas do azulejo e da cerâmica, que encontram tradução na estruturação geométrica da obra e nas suas estratégias de iluminação. Por outro lado, uma certa abstração geométrica e lírica da Escola de Paris, que parece ressoar na estratégica global de estruturação do espaço da obra. Com efeito, Cargaleiro afirma: “o desenho para mim é fundamental, porque a estrutura tem de estar presente, para depois desaparecer, ficando uma espécie de poema...”. De facto, Cargaleiro estrutura o espaço recorrendo a uma grelha ortogonal, que ora se manifesta em unidades quadrangulares, ora numa serialidade de pontos coloridos. Porém, a presença dessa estrutura é dissolvida através de espaços que o autor abre, fazendo desaparecer o esquema dessa ordenação.
A alegre abertura cromática, a profusa iluminação com os seus brancos, o ritmo das partículas que aparecem para logo de seguida se diluírem e a vibração resultante da paciente repetição de gestos concorrem para a frequentemente referida musicalidade da obra de Cargaleiro.
Luísa Cardoso