Obras

Páteo de D. Fradique

painting
Páteo de D. Fradique
Páteo de D. Fradique
© MACAM
Data

1946

Técnica

Óleo sobre tela

Dimensões

100,5 x 90,5 cm

Carlos Botelho (1899-1982) realiza a sua primeira exposição individual em 1932, no Salão Bobone, em Lisboa. As primeiras viagens a Paris revelar-se-ão determinantes na sua formação. Van Gogh — como mais tarde Ensor, Cézanne e Matisse — torna-se uma referência fundamental para pintar as suas temáticas preferenciais.

Se no início do seu percurso Lisboa era uma iconografia entre outras na sua produção, ao longo da década de 1930 ela afirma-se como predominante. O facto de viver e trabalhar na Costa do Castelo até 1949 será determinante nas paisagens urbanas eleitas. As suas referências internacionais cruzam-se assim com o seu modelo. Como afirma Botelho, “Van Gogh e a Costa do Castelo para onde fui viver (...) eis os meus ‘reveladores'. Um deu-me o segredo das cores e das formas, a outra deu-me o modelo. Pus-me a pintar a “minha” Lisboa.”

Neste óleo há já um apaziguamento da veemência expressionista inicial ao nível das cores, aqui harmonizadas numa consonante paleta de rosas e ocres. Mas o gosto pela materialidade das superfícies mantém-se, notando-se um recurso a discretas estratégias de dramatização compositiva. A perspetiva, escolhida para pintar o Páteo de D. Fradique “de Baixo”, dramatiza as diagonais da calçada e do muro lateral que conduzem ao passadiço abobadado, ponto de fuga da composição. A materialidade vertical das fachadas, animada pela decomposição de seus rebocos, pela irregularidade de seus vãos e por vestígios do seu quotidiano (como roupa a secar), contrasta e é dinamizada por formas de uma outra ordem: a organicidade que se eleva dos troncos e ramos das árvores, a sugestão da vida na rua com as figuras de avental, conversado ou carregando cestos à cabeça.



Luísa Cardoso

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