Carlos Botelho (Lisboa, 18 de Setembro de 1899 – Lisboa, 18 de Agosto de 1982), ou «pintor de Lisboa» como ficaria conhecido, foi um dos artistas mais importantes do seu tempo. Botelho frequentou a Academia Nacional de Belas-Artes em 1919. Contudo, não se conformando com o teor conservador do ensino, abandonou os estudos e iniciou uma carreira como ilustrador e caricaturista. Em 1923, começou a trabalhar para o jornal ABC e, em 1928, para o jornal Sempre Fixe com Ecos da Semana, com uma página de desenho humorista que manteve durante mais de vinte anos e que constitui uma memória essencial de Lisboa e um relacionamento do artista com a sociedade. Foram estes os seus primeiros exercícios plásticos, já marcados pelo grafismo e sentido construtivo que seria linear na sua obra. Em 1931, participou na montagem do Pavilhão Português na Exposição Internacional e Colonial de Paris. Frequentou então a Academia Grande Chaumière e a Academia Colarossi, mergulhando na cultura impressionista parisiense. Desta fase, as suas aguarelas, retratos e caricaturas anunciavam o minimalismo estético que se manifestaria também nos seus palcos lisboetas, onde as casas são reduzidas a elementos estruturais e a figuras ausentes. Na sua estadia em Nova Iorque e Nova Orleães (1939), contrariamente, captou o dinamismo das cidades americanas, representando letterings e outros detalhes do seu espírito urbano. Ainda em 1931, expôs no 2º Salão de Independentes, e em 1932 realizou a sua primeira Exposição Individual no Salão Bobone. Marcava assim o início de uma carreira de consecutivas exposições e de um reconhecimento notável. No panorama internacional, destacam-se a participação na Exposição Universal de Nova York e de São Francisco, e as distinções concedidas na 1ª e 3ª edição da Bienal de São Paulo (Brasil, 1951 e 1955). Internamente, recebeu o prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 1938, o prémio Columbano, em 1940 e o 1º Prémio de Pintura na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1961.Foi também agraciado em 1941 com os graus de Oficial da Ordem Militar de Cristo e Cavaleiro da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada, tendo sido neste último elevado posteriormente a Comendador e Grande-Oficial. Como um homem viajado, Botelho pintou diversas cidades, porém, Lisboa, a sua cidade-natal, tornou-se inspiração e símbolo exclusivo da sua pintura, captando-a nos seus tons e luminosidades próprios. A sua obra encontra-se representada em inúmeras coleções institucionais e particulares.
FMV, abril 2020
FMV, abril 2020