Carlos Botelho (1899-1982) inicia o seu percurso artístico na década de 1920 através da ilustração e da caricatura.
Ao longo dos anos 30, Carlos Botelho desenvolve também um desenho mais intimista em retratos de familiares e, a partir do final desta década, um desenho de comentário social caminha a par da criação da imagem de Lisboa com que se notabilizaria a sua pintura. Se as personagens e cenas que captam a atenção do seu desenho na década de 1940 o podem aproximar de algumas preocupações neo-realistas, nas décadas de 1950 e 1960 as personagens da cidade estilizam-se, num traço geometrizado que ilude ou apaga inquietações sociais.
A presente obra é disso exemplo. Os seus traços mobilizam-se para a captação do movimento, evidenciando sobretudo a robustez ágil da figura castiça da varina. O seu dinamismo advém do cruzamento das diagonais das suas pernas e dos seus braços, o qual é estabilizado pelo eixo do centro do corpo e da cabeça, encimada pela canastra. As delicadas linhas definidoras do vestuário e os planos sombreados onde estas se intensificam sugerem o movimento e volumetria da figura, bem como criam um ritmo muito próprio que anima a composição.
LC