Obras
Rescue Passports [Passaportes de Resgate]
installation
![Rescue Passports [Passaportes de Resgate]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3464_w840.jpg)
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Data
2016
Técnica
Passaportes impressos a laser sobre mantas térmicas
Dimensões
Dimensões variáveis: 28 x 23 cm (60x)
Uma componente chave no trabalho diversificado de Eugenio Merino é a relação da arte com os assuntos e narrativas políticos, sociais e económicos contemporâneos. Longe de uma produção artística passiva e desligada, Merino utiliza a sua atividade artística para estimular o pensamento, o envolvimento e mesmo a ação. Os seus trabalhos polémicos revelam uma conceção da arte como potencial testemunha direta, repórter e agitadora da consciência coletiva. Poder-se-á ver na obra de Merino uma certa expressão de fé na capacidade da arte de mudar coisas fundamentais.
Por ocasião da edição da ARCO de 2017 em Madrid, o artista apresentou a instalação provocadora, Rescue Passports. A obra de arte em grande escala é composta por uma coleção de passaportes emoldurados em madeira feitos de cobertores térmicos dobrados metalizados em dourado que são utilizados por ONG. A série é montada na parede como uma grelha regular para um total de sessenta unidades. As capas dos passaportes são gravadas a laser com o brasão dos países mais gravemente afetados pelos fluxos em grande escala de emigração clandestina como o México, Brasil, Síria, Líbia, Quénia, Mongólia ou Macedónia.
Se a obra é uma referência direta à crise internacional dos refugiados, também faz lembrar relutantemente, no contexto português, o programa dos Vistos Gold, iniciado em 2012 e que concede residência (e acesso à UE) a investidores empresariais e imobiliários. No entanto, em contraste com o visto concedido pelas autoridades portuguesas a pessoas ricas sem outros requisitos além do investimento monetário, os passaportes de ouro na instalação de Merino trazem considerações ligadas às causas profundas da migração em massa, tais como a guerra, a pobreza abjeta, degradações ambientais e escassez, perseguições e aspiração a uma vida melhor. Sarcasticamente, enquanto o ouro se refere à ganância e às atividades comerciais escondidas por detrás dessas realidades escandalosas, a instalação aponta também para a política de vários países da EU que se recusam a entregar passaportes a emigrantes.
Katherine Sirois
Por ocasião da edição da ARCO de 2017 em Madrid, o artista apresentou a instalação provocadora, Rescue Passports. A obra de arte em grande escala é composta por uma coleção de passaportes emoldurados em madeira feitos de cobertores térmicos dobrados metalizados em dourado que são utilizados por ONG. A série é montada na parede como uma grelha regular para um total de sessenta unidades. As capas dos passaportes são gravadas a laser com o brasão dos países mais gravemente afetados pelos fluxos em grande escala de emigração clandestina como o México, Brasil, Síria, Líbia, Quénia, Mongólia ou Macedónia.
Se a obra é uma referência direta à crise internacional dos refugiados, também faz lembrar relutantemente, no contexto português, o programa dos Vistos Gold, iniciado em 2012 e que concede residência (e acesso à UE) a investidores empresariais e imobiliários. No entanto, em contraste com o visto concedido pelas autoridades portuguesas a pessoas ricas sem outros requisitos além do investimento monetário, os passaportes de ouro na instalação de Merino trazem considerações ligadas às causas profundas da migração em massa, tais como a guerra, a pobreza abjeta, degradações ambientais e escassez, perseguições e aspiração a uma vida melhor. Sarcasticamente, enquanto o ouro se refere à ganância e às atividades comerciais escondidas por detrás dessas realidades escandalosas, a instalação aponta também para a política de vários países da EU que se recusam a entregar passaportes a emigrantes.
Katherine Sirois