Obras

Sem título

painting
Sem título
Sem título
© MACAM
Data

1991

Técnica

Óleo sobre tela

Dimensões

170 x 200 cm

Após um arranque de carreira marcado por uma vertente mais objetualista e por experiências visuais em suporte fílmico, a partir da década de 1970, Luís Noronha da Costa envereda por uma investigação pictórica mais sistemática em torno da imagem e da sua representação (ou da impossibilidade da sua representação). Neste sentido, começa a questionar os suportes e os processos de perceção da representação pictural, interessando-se pela ideia do “ecrã” como elemento intermediário entre o espaço real e o virtual, entre o objeto, a sua imagem e o observador.

O desenvolvimento destas pesquisas materializou-se em pinturas marcadas pela diluição da imagem e pela “desfocagem” deliberada dos elementos, num sistema de representação pessoal que questiona os seus próprios limites e ativa os processos de memória e de reconhecimento. Simultaneamente, há no trabalho de Noronha da Costa uma incessante procura pela própria essência da pintura, revelando-se fundamental um diálogo com a sua evolução histórica, de que resultam frequentes apropriações de imagens da história da arte, da fotografia ou do cinema.

Esta obra faz uma citação temática e compositiva da pintura fino-oitocentista, indiciada pela sugestão de figuração ainda identificável: uma cena de exterior em que várias personagens passeiam num jardim. A composição é marcada pela desintegração fantasmal da imagem. Embora as figuras sejam ainda (aparentemente) reconhecíveis, a representação é assumida como simulacro que coloca em causa a referencialidade da pintura como ideia e como mediação de uma realidade externa. Apresentando-se num espaço liminar entre a existência física e uma dimensão metafísica, esta é uma obra exemplar da poética de Noronha da Costa.



Joana Baião

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    Sem Título (Praia)

    Luís Noronha da Costa