Luís Noronha da Costa (Lisboa, 1942 – Lisboa, 2020), formado em Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, manifestou desde cedo um interesse pelas artes plásticas, realizando a sua primeira exposição individual, em 1962. Na sua obra, trabalhou continuamente as potencialidades da imagem e da perceção, destabilizando o modo como o observador assimila a imagem. Explorou então a noção de transparência, que alcançou através de colagens de revistas. Recorreu ainda a diversas outras técnicas, materiais e suportes - como a têmpera vinílica e as tintas celulósicas - para construir os seus objetos, ou silhuetas de personagens, que, entre reflexos e desfoques, propõem alternativas ao significado estanque da imagem. A esta investigação dos fenómenos da imagem, e da sua relação com o observador, intitulou “anti-pintura”. Em 1966, expõe no Salão de Maio da Sociedade Nacional de Belas Artes e, em 1967, nas Galerias Quadrante e 111. Fruto da crítica favorável, que o aclamava como um dos grandes pintores do seu tempo, representaria Portugal na XX Bienal de São Paulo (1969) e na XXX Bienalle de Venezia (1970). Recebeu ainda, em 1969, o Prémio Soquil. Nos anos 70, dedica-se a alguns trabalhos no campo cinematográfico, os quais se refletiam nas suas pinturas, nomeadamente, no tratamento das telas como «ecrãs» – uma ideia central na sua obra. Em 1977, marcou presença da célebre Exposição Alternatiza Zero, representando uma vez mais o seu país, no ano seguinte, na XXXIV Biennale de Venezia. É nesta década que começa também a testar a pistola de spray, que se viria a tornar numa marca distintiva da sua obra. Em 1983, é alvo de uma exposição retrospetiva na Fundação Calouste Gulbenkian e, em 2003, no Centro Cultural de Belém. Destaca-se ainda no seu currículo o Prémio Europeu da Pintura (1999) e o Prémio AICA (2003). As suas obras integram as coleções de alguns dos mais importantes museus de Portugal, sendo que ao longo da sua carreira, o artista marcou também presença no estrangeiro, realizando exposições em Paris, Munique, Londres e Madrid.
FMV, abril 2020
FMV, abril 2020