Obras

Sem Título (Praia)

painting
Sem Título (Praia)
Sem Título (Praia)
© MACAM
Data

s.d.

Técnica

Óleo e areia sobre tela

Dimensões

130 x 160 cm

Tendo desenvolvido uma série de trabalhos e pesquisas sobre a imagem e a perceção, nomeadamente através de desconstruções dos seus significados, Luís Noronha da Costa, artista amplamente multifacetado, criou a sua obra, extraordinariamente contemporânea, em torno de um diálogo criativo entre diferentes linguagens (de uma espécie de surrealismo a uma espécie de neorromantismo), diversos suportes imagéticos (pintura, fotografia, cinema) e variadas matérias (pastel, óleo, têmpera vinílica, spray, tintas celulósicas e betumes, entre outros). Apesar da dedicação àquilo que chamou de anti-pintura (1965-1969), a partir de 1969, o artista trabalha quase exclusivamente a pintura como suporte de investigação da fenomenologia da natureza da imagem. Sendo o mar um dos temas transversais à sua obra, esta praia difusa, em que as ondas, a maresia e a areia carregadas pelo vento são apanhadas numa tela/ecrã de suspensão temporal (a areia de forma bastante literal), mas que não as aprisiona na imobilidade, propõe-se como tentativa de reconstrução de um espaço real na realidade da imagem. Esta dupla representação e dupla presença remetem-nos para as pesquisas de Noronha da Costa sobre a imagem enquanto ideal de perceção e de ligação continuamente ensaiado, enquanto espaço com a capacidade de gerar e de refletir significado. Ao ser encarada enquanto ecrã, como o era por Noronha da Costa, a bidimensionalidade do espaço pictórico torna-se simultaneamente um projetor e um espelho que, nas palavras do artista, potencia uma dialética entre a experiência do passado e a consciência do futuro permitindo a existência de uma realidade do presente com existência histórica. Elemento de grande simbologia e significação na cultura portuguesa, o mar nesta praia de Noronha da Costa torna-se ele mesmo um elemento de reflexão e projeção, um elemento de presença interior, um elemento subjetivo e abstrato e, dessa forma, elucidativo do real e do imaginário individual e coletivo.

Ana Fabíola Maurício

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    Luís Noronha da Costa