Obras
Sem título
painting


Data
1973
Técnica
Acrílico sobre tela
Dimensões
130 x 150 cm
A produção de Menez poder-se-á dividir em dois momentos principais, ainda que com diversos períodos dentro de cada um deles: uma primeira fase abstrata, que se estende desde a sua primeira exposição em 1954 até finais da década de 1970; e uma segunda fase marcada por uma viragem figurativa, que caracterizaria a sua produção das décadas de 1980 e 1990.
No entanto, toda a obra de Menez é habitada por uma tensão entre a abstração e a figuração, em que por vezes elementos figurativos se imiscuem em composições abstratas.
Neste óleo de 1973 observamos claramente esse aparente paradoxo. Menez principia por construir um fundo rosa, que oferece desde logo uma possibilidade de profundidade — seja pela sua demarcação vertical, seja pela sugestão de nuvens. Sobre esse fundo, pinta as suas formas fluidas, tecidas de emaranhadas manchas de diversos tons. Sem quase recorrer à simulação de volumetria, a artista consegue apenas com a distribuição das cores e da iluminação criar o seu espaço — um espaço puramente pictórico. Todavia, contrariando essa estruturação bidimensional, introduz duas formas distintas: um retângulo iluminado no centro direito da obra (onde parece figurar uma árvore) e um paralelepípedo que emerge do limite inferior da tela, em cuja face frontal nos oferece o esboço de um conjunto de figuras.
Deste modo, faz simultaneamente, coincidir formas diversas de construção do espaço num mesmo plano, demonstrando a possibilidade plástica da sua coexistência. Menez revela a indistinção entre abstração e figuração, assumindo o espaço pictórico como um umbral de passagem entre o real e a sua representação ou criação.
LC
No entanto, toda a obra de Menez é habitada por uma tensão entre a abstração e a figuração, em que por vezes elementos figurativos se imiscuem em composições abstratas.
Neste óleo de 1973 observamos claramente esse aparente paradoxo. Menez principia por construir um fundo rosa, que oferece desde logo uma possibilidade de profundidade — seja pela sua demarcação vertical, seja pela sugestão de nuvens. Sobre esse fundo, pinta as suas formas fluidas, tecidas de emaranhadas manchas de diversos tons. Sem quase recorrer à simulação de volumetria, a artista consegue apenas com a distribuição das cores e da iluminação criar o seu espaço — um espaço puramente pictórico. Todavia, contrariando essa estruturação bidimensional, introduz duas formas distintas: um retângulo iluminado no centro direito da obra (onde parece figurar uma árvore) e um paralelepípedo que emerge do limite inferior da tela, em cuja face frontal nos oferece o esboço de um conjunto de figuras.
Deste modo, faz simultaneamente, coincidir formas diversas de construção do espaço num mesmo plano, demonstrando a possibilidade plástica da sua coexistência. Menez revela a indistinção entre abstração e figuração, assumindo o espaço pictórico como um umbral de passagem entre o real e a sua representação ou criação.
LC