Obras
Sem título
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Data
1983
Técnica
Guache sobre papel
Dimensões
25 x 35 cm
A obra de Menez manifesta uma ambiguidade entre a abstração e a figuração, mesmo quando adota uma resolução claramente figurativa. Após a sua primeira exposição em 1954 evidencia-se uma fase mais abstrata, enquanto que os anos de 1980 e 1990 caracterizam-se por uma produção com maior presença figurativa.
Porém, uma pequena obra como este guache demonstra exemplarmente a forma como Menez faz coincidir no mesmo plano duas formas de construção do espaço, dissimulando a distinção entre abstração e figuração. Ou antes: construindo um amplo espaço para formas livremente abstratas se expressarem. Com efeito, Menez sugere um espaço perspético para o fundo da composição: a diagonal terrosa do lado direito junta-se ao ponto de fuga para o qual avança o plano ocre. Ao fundo, nessa linha de horizonte, pinta uma hora crepuscular com a sugestão de nuvens iluminadas. É este o espaço em que dispõe o imbricado de formas abstratas que observamos em primeiro plano: traços e manchas convulsas de diversas tonalidades (vermelho, verde, azuis, rosas, verdes, brancos, amarelos) parecem contorcer-se na expressão de algo que não pode efetivamente ganhar uma forma concreta ou um nome. Uma sugestão de um rosto desfigurado, de uma mão ou garra que emerge. A bidimensionalidade desfigurada destas formas habita o espaço da obra e assim Menez revela que as dicotomias plásticas são apenas aparentes. A pintura é o espaço para a expressão do que não tem nome ou forma, mas que nem por isso é menos real.
Luisa Cardoso
Porém, uma pequena obra como este guache demonstra exemplarmente a forma como Menez faz coincidir no mesmo plano duas formas de construção do espaço, dissimulando a distinção entre abstração e figuração. Ou antes: construindo um amplo espaço para formas livremente abstratas se expressarem. Com efeito, Menez sugere um espaço perspético para o fundo da composição: a diagonal terrosa do lado direito junta-se ao ponto de fuga para o qual avança o plano ocre. Ao fundo, nessa linha de horizonte, pinta uma hora crepuscular com a sugestão de nuvens iluminadas. É este o espaço em que dispõe o imbricado de formas abstratas que observamos em primeiro plano: traços e manchas convulsas de diversas tonalidades (vermelho, verde, azuis, rosas, verdes, brancos, amarelos) parecem contorcer-se na expressão de algo que não pode efetivamente ganhar uma forma concreta ou um nome. Uma sugestão de um rosto desfigurado, de uma mão ou garra que emerge. A bidimensionalidade desfigurada destas formas habita o espaço da obra e assim Menez revela que as dicotomias plásticas são apenas aparentes. A pintura é o espaço para a expressão do que não tem nome ou forma, mas que nem por isso é menos real.
Luisa Cardoso