Obras
Un jour de grève ou la lampe d'Aladin [Um dia de greve ou a lâmpada de Aladino]
painting
![Un jour de grève ou la lampe d'Aladin [Um dia de greve ou a lâmpada de Aladino]](https://cms.macam.pt/storage/uploads/thumbs/inarte-work-3280_w840.jpg)
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Data
1964
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
92 x 60 cm
Depois de uma fase de experimentação no campo do informalismo, na década de 1960, René Bertholo começa a desenvolver uma gramática neofigurativa que questiona as estruturas tradicionais da composição pictórica, e na qual se identificam citações dos processos do automatismo psíquico de cariz surrealista, evocações de pesquisas em torno da abstração, reminiscências da linguagem gráfica da ilustração e da banda desenhada, e uma certa atitude pop. Tendo como base um inventário de cenas ou de objetos que se relacionam em conexões irracionais, os trabalhos elaborados neste período exploram - e ultrapassam - os limites da lógica narrativa.
Nesta pintura, a organização da composição estrutura-se a partir da representação de duas janelas, que surgem noutros trabalhos desta época e que parecem remeter para espaços vivenciais do artista. Do mesmo modo, mas sem que se identifique qualquer tendência narrativa, o letreiro néon em que vislumbramos as palavras “Au bon La Fontaine” (possível café ou - brasserie
parisiense) e as figuras que se distribuem na secção superior do espaço pictórico, em aglomerados ou dispostas em jogos de repetição, evocam motivos da vida quotidiana, procurando criar assim um diálogo com as memórias referenciais do próprio observador.
A disposição dos vários elementos no espaço de representação pictórica, num movimento ascensional que contribui para um evidente jogo de equilíbrio entre peso e leveza, questiona as regras da composição centralmente hierarquizada. A correlação entre os objetos - alguns conhecidos e outros não identificáveis ou mesmo abstratos -, estabelece-se através de valores puramente plásticos, destacando-se o desenho de contornos seguros e o tratamento ameno e poético das cores que, brilhantes e suaves, contribuem para a construção de um lugar onírico que dialoga com a nossa capacidade de fixação de espaço e de tempo.
Joana Baião
Nesta pintura, a organização da composição estrutura-se a partir da representação de duas janelas, que surgem noutros trabalhos desta época e que parecem remeter para espaços vivenciais do artista. Do mesmo modo, mas sem que se identifique qualquer tendência narrativa, o letreiro néon em que vislumbramos as palavras “Au bon La Fontaine” (possível café ou - brasserie
parisiense) e as figuras que se distribuem na secção superior do espaço pictórico, em aglomerados ou dispostas em jogos de repetição, evocam motivos da vida quotidiana, procurando criar assim um diálogo com as memórias referenciais do próprio observador.
A disposição dos vários elementos no espaço de representação pictórica, num movimento ascensional que contribui para um evidente jogo de equilíbrio entre peso e leveza, questiona as regras da composição centralmente hierarquizada. A correlação entre os objetos - alguns conhecidos e outros não identificáveis ou mesmo abstratos -, estabelece-se através de valores puramente plásticos, destacando-se o desenho de contornos seguros e o tratamento ameno e poético das cores que, brilhantes e suaves, contribuem para a construção de um lugar onírico que dialoga com a nossa capacidade de fixação de espaço e de tempo.
Joana Baião